Mudança cultural

Não há uma estatística, mas pelo que se vê, o número de escritores e poetas está diminuindo a cada dia. Ser escritor e poeta hoje em dia não é tarefa fácil; é ser considerado diferente e anormal, e não há reconhecimento. As pessoas não gostam de ler, são indiferentes a quem escrevem ou poetizam; e se não gostam de ler também não gostam de escrever. Vejo pessoas com curso superior em diversas áreas escrevendo erradamente.

As faculdades não estão formando alunos, estão apenas dando diplomas. A OAB está tendo dificuldade em seu concurso, ou seja, os candidatos não estão atingindo a média. Outros concursos também estão tendo dificuldade nas aprovações de candidatos. Há muitos Doutores redigindo mal os seus documentos, em áreas como o Direito, Medicina e Engenharia. O Poder Público não tem como investir se não tem professores competentes. Ou seja, maus alunos se tornam maus professores.

A decadencial cultural no Brasil atinente a literatura é social; o brasileiro lê pouco, ou seja, não tem o hábito da leitura. Os livros são caros; faltam bibliotecas. A renda per capita é baixa, com subemprego e muita informalidade. Os jovens de classes menos favorecidas não têm acessos à literatura, artes plásticas e música clássica, e ainda se envolvem com drogas. E quando começam a trabalhar abandonam ou fracassam nos estudos.

E com a globalização da tecnologia e da comunicação, onde as informações são instantâneas, as pessoas se tornam alienadas e alucinadas. Os jovens hoje em dia não desenvolvem os seus talentos artísticos, passam o tempo assistindo televisão, jogando vídeos e navegando na internet. As pessoas recebem muita informação, são inteligentes, mas não tem sensibilidade e imaginação; e o pior, desconhecem as regras da sabedoria e não são autodidatas.

As pessoas estão muito concentradas no luxo, no culto ao corpo, na moda, no sexo, no consumismo e nas aparências e não desenvolvem os dons artísticos. E com poucos leitores e apreciadores de artes, escritores e artistas plásticos não têm como sobreviver. A cultura está se tornando um hobby luxuoso, ou seja, é preciso o autor ter recursos próprios para publicar ou expor suas artes. Escritores e artistas plásticos são admirados, mas não têm mercado para absorver os seus trabalhos. Enfim, estamos caminhando para uma humanidade cada vez mais alienada e sem cultura.

Diante de tanta modernidade, virtualidade, entretenimento e estresse, a decadência cultural é evidente, e como conseqüência a diminuição da impressão de livros, revistas e jornais. Nós, escritores e poetas temos dificuldade de divulgar nosso trabalho principalmente poesias na imprensa escrita pela falta de espaço. A tendência é esses meios de comunicação acabarem pela falta de leitores e alto custo.

Mas com o advento da Internet, meio de comunicação virtual e instantânea, há espaço para todos nós, escritores e poetas, em sites de jornais, revistas, relacionamentos, literários, áreas técnicas, etc. Há também blogs, twitters, e tantas páginas. Temos que acompanhar essa evolução para o bem da cultura. Com o tempo livros, revistas e jornais vão se tornar uma raridade. E para que tanto papel e trabalho, se não tem a mesma eficácia da comunicação virtual.

Com o desmembramento do Ministério da Cultura da Educação, houve uma evolução na cultura. É preciso que essa separação chegue aos Estados e Municípios, para que ambas as pastas se desenvolvam. A Lei de Incentivo à Cultura, e em que investimentos em cultura são descontados no imposto de renda, é um avanço, e ao mesmo tempo ignorada pelas empresas da iniciativa privada. E muitos Estados e Municípios não têm investido em cultura, o que é lastimável.

O Poder Público além de incentivar, precisa investir em Cultura, isto é, patrocinar escritores e artistas plásticos, para que os mesmos publiquem e expõem as suas obras. É preciso que a cultura chegue às escolas e universidades, que haja bibliotecas, museus, espaços culturais, distribuidoras de livros e artes plásticas. O vale cultura lançado pelo MC para que estudantes gastem com lazer cultural como na compra de um livro, uma obra de arte ou ida a um evento cultural, é um incentivo. O MC também está promovendo a II Conferência Nacional de Cultura, com o objetivo de levar empreendimentos culturais aos municípios de todo o país. É preciso investir na cultura para não haver uma decadência. É preciso também se adequar a uma nova realidade virtual, como a informatização de bibliotecas e outros espaços culturais.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 01/11/2009
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