Doces recordações...

Esther Ribeiro Gomes

Nas minhas andanças pela bela Itália, lembro-me de um fato deveras engraçado...

Dante e eu passeávamos por uma estrada florida, nos arredores de Roma, onde havia muitos pés de amora, fruta que eu adoro!

Paramos o carro e lá fui eu, pegar as deliciosas frutinhas...

Acontece que eu estava usando uma saia justa (literalmente) e ao subir num pedaço de tronco caído, a saia descosturou e ficou aparecendo a minha calcinha...

Dante gritava para eu voltar, porque um carro ali estacionou e eu não estava entendendo nada!

Depois ele me explicou que as prostitutas costumam se esconder nas matas que margeiam as estradas e quando passa alguém, elas aparecem, se oferecendo...

Chegando em casa, a cunhada do Dante costurou a minha saia na máquina, passando várias costuras para que não tivéssemos mais surpresas...

Essa costura bem reforçada me salvou em Veneza, pois chegamos lá debaixo de chuva forte e ao descermos da lancha, levei um tremendo escorregão e caí com as pernas abertas, como se fosse um passo de balé, mas a costura daquela bendita saia vermelha me segurou, senão o estrago seria bem maior...

Outra lembrança que me afaga o coração foi das tardes musicais nos bosques de Fiuggi, perto de Colleferro (cidade do Dante),

onde existem fontes curativas para pedras nos rins.

No meio do bosque havia uma pista de dança de mármore, onde uma orquestra tocava músicas do mundo inteiro e dançávamos durante toda a tarde!

Na Toscana, perto de Firenze, na linda cidade de Montecatini, há um parque belíssimo, onde existem fontes curativas para quem tem intestino preguiçoso (que é o meu caso).

Ficamos dez dias, para eu fazer o tratamento... Todas as manhãs, íamos para lá em jejum para tomarmos as águas daquelas fontes.

Pegávamos a água e ficávamos passeando entre as árvores, ouvindo belíssimas músicas clássicas e bebendo vários copos durante umas duas horas...

Quando ninguém aguentava mais, descíamos para os sanitários e ficávamos esperando as funcionárias terminarem a higienização (era tudo muito limpo) e aí, então, uma senhora alta, bem corpulenta, de uniforme branco, gritava: ‘Avanti’! Parecia uma alemã comandando um batalhão de guerra...

E todas nós corríamos para os banheiros, onde esvaziávamos até as nossas almas...

Em seguida, íamos para a lanchonete dentro do parque para, merecidamente, tomarmos nossos gloriosos cappuccinos com aqueles inesquecíveis cornettos!

Como diria Dante:- Bons tempos aqueles...

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 02/11/2009
Reeditado em 20/11/2009
Código do texto: T1900979