Sexo aos pedaços

O Professor Vitor Staviarsky costumava dar aulas de sexologia, no Museu Imperial da Quinta da Boa Vista em S.Cristóvão. Íamos nós, adolescentes travessos, devassos, dissipados e dissolutos - parando por aqui, por falta de esses suficientes para adjetivá-los - em turmas mistas, procurar os ensinamentos do renomado professor.Mostrava-nos peças formoladas de cadáveres para ensinar a anatomia humana; em realidade, vendo-se aquelas porções humanas, por assim dizer, sexo aos pedaços, a coisa funcionava como um breve contra a luxúria. O que mais me desesperava, não era o interminável blá-blá-blá do professor, mas, a capacidade que ele tinha de lidar com as aranhas caranguejeiras, que lhe passeavam pelo corpo como se estivessem em avenidas; de fato, o espetáculo era grotesco; aranhas enormes e peludas, que se alimentavam de outros pequenos animais de sangue frio; coisa lamentável! De qualquer modo, as aulas eram interessantes, não pelo que se pudesse aprender, mas pelas altas sacanagens que rolavam nas turmas, e as brincadeiras que poderiam levar a programas mais quentes; todos os garotos eram PhD na matéria, mas sempre iam conferir. Voltei a encontrar o professor Vitor, quando eu já estudava curso superior e ele pretendeu dar um curso para acadêmicos; foi um fracasso, pois, ninguém se interessou por aquelas teorias do velho professor, que num diálogo áspero com uma das alunas, demonstrou toda a fantasia, que cercava sua atividade. Era um bem intencionado.