Sangue e Paixão

Ele sentiu quando aquilo chegou perto. Uma energia negativa. Algo sobrenatural.

Chegava, cada vez mais perto, cada vez mais rápido.

Ele sabia que nada poderia fazer.

Foi um toque, o suficiente para tudo ocorrer, e uma mancha de sangue jorrou de seu pulso.

Um feixe rápido de luz e agonia tingiu seus olhos claros.

Toda sua vida passou pela sua cabeça. Lembranças infantis, namoros da juventude. E tudo estava ali, junto com aquela maldita dor.

O sentimento masoquista cismou em ficar, mas ele tinha que ter controle sobre o seu corpo. Precisava fazer aquilo parar. Mas estava fraco.

Algo segurava sua energia, e todo o seu corpo retorceu-se de dor e prazer.

Isso teria, claro, suas conseqüências. Mas inicialmente, num momento como aquele, nada poderia fazer.

Deixaria seu corpo entregue aquela criatura, até todo o seu sangue parar de circular em suas veias. Mesmo que a mais forte dor percorresse sua espinha, mesmo que seus olhos girassem de espanto, ele estava entregue. Até quando?

Até quando agüentaria aquilo? Seria um sentimento humano?

Perguntas que não foram respondidas.

E enquanto ele se deixava entregue aquela criatura, algo mais forte despertou-lhe a consciência.

Percebia seu sangue sendo sugado com paixão e ódio. Sentimentos opostos se misturavam.

E tudo começou a ser tão frenético, tão intenso!

O barulho da cozinha havia sumido. Sua cabeça, tombada na mesa, já não tinha mais forças para levantar. Estava sozinho, e o desespero começou a surgir, junto com o incomodo sugar do sangue.

Então ele ficou de saco cheio, deu um forte tapa no pescoço e matou o pernilongo desgraçado que tinha lhe picado.

Maria Aguilar
Enviado por Maria Aguilar em 09/07/2006
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