Sensualidade

Sensualidade. Um amigo, Aurélio, diria que é o que satisfaz os sentidos: prazeres sensuais. Lascivo. Pessoas sensuais, libertinas. Alguns dizem beleza, outros capacidade de envolver, outros desejo, mas pensei a respeito, parei a observar as mulheres, homens, pessoas vamos lá, e me ative aos detalhes que cada um expõe como sensual, eu mesmo servi de analise, e cheguei a uma conclusão, as pessoas não são sensuais jamais, não para elas mesmas bem dito, não o que acham que são, a sensualidade se atem nos olhos do observador, em sua atenção, em seu tato e desejo. Procuramos sempre exibir o que temos de melhor, mas para quem? Não é fato que certa mulher se produz em escalão cinematográfico para seduzir seu parceiro, lingeries vermelhas, salto alto, pétalas no chão e um champagne a suar entre gelos. Bem, o tal fulano, que é a vitima da amada, mau sabe o que o espera, afinal, ao ver a moça se pergunta em silencio, porque ela ainda esta de roupa intima? Não vamos mesmo transar... e vermelha, que para ela era a cor do sensual, algo provocante, bem, para ele, lembrava o flamengo, e ele, botafoguense roxo, o salto alto reparou ele, eu eim... e por fim o champagne que ele retirou da tigela e perguntou ao seu amor, uai, cadê a cerveja? E o mundo acabou. Quase, porque na verdade, ele, o desastroso amante, via naquela mulher que ficou chocada com tanta grosseria, e em seu intimo via estrias, vasinhos, olheiras, cansada do trabalho e sempre buscando estar mais linda, a mulher mais maravilhosa do universo, ele sentia pulsar sensualidade naquelas curvas que nem eram tão fechadas assim, sentia o cheiro que nem o cão mais treinado farejador alcançaria, ela, era a mulher perfeita, e o tornozelo dela, meu deus, como é sensual, e olhe este jeitinho de sentar, falar, me chamar atenção, eu fico louco, e no final das contas, a noite foi muito boa. É isso, não acertamos mesmo, porque na verdade não somos nós que decidimos isso, bonitos, cheirosos, bem vestidos, ricos, e valiosos? Nem sempre, afinal o desejo é algo misterioso, a adrenalina de amar, gostar ou querer algo que não se sabe explicar muito bem e nem se quer falar a respeito, e claro, somos e seremos sempre a vitima do desejo alheio, acertar é possível, afinal vivemos em uma sociedade um tanto limitada em sua criatividade seja por comportamento em massa, repressão moral, sexual e vai lá, banal ou bananas de pijama, quem em sã consciência consegue ser normal um dia tendo visto aquilo. Tudo bem, aceito, é um caos e não tem solução, mentira, somos aptos a ser felizes e desejados, entre tantos expectadores, sempre haveremos de ter nosso bendito ibope, não tem grilo, é certo e verdadeiro, assim como o amor que admito ser algo mais complexo de tão simples, esta tão sensualidade se torna simples de tão complexa, é deixar rolar e ser quem se é, realçar o que se acha valido, é importante, viver por isso nem tanto. Por fim, descobri que minha sensualidade particularmente esta nas palavras, no acreditar no que escrevo, falo e ouço, sempre como quem vai morrer amanhã, estranho, isso é porque vocês não viram um coroa de sunga amarela, chuteira e meia três quartos andando no calçadão da rua XV em plena Curitiba, vá lá, tenho certeza que arrasou alguns corações e no mínimo alguma pervertida ou pervertido de plantão pensou: à, uma sunga amarela destas comigo.