Lairzinha passava por mim e olhava para o céu, não queria me ver. Outras vezes tapava os olhos com a mão esquerda, mas senti que deixava os dedinhos abertos, queria me ver, ao menos um pouco. Eu ficava entre a esperança que ela retornasse ao nosso convívio, rapidamente, ou que eu passasse a ser indiferente, não sofresse mais com a Lairzinha tão arredia. Hoje foi um bom dia , ela cobriu os olhos e reparei bem nos seus dedinhos, lindos e delicados. Nem parece que Lairzinha sobe em árvores e que se deixar arrastar na pipa. Corre muito nas brincadeiras de bandido/escambida, cai, rala os braços e as pernas e não chora; faz uma expressão de dor e dela se afasta, rápido... gosta que em sua carinha decidida e brigona, se note a bandeira, Avante!!! Dona Rosa, mãe de Lairzinha, é uma Senhora muito bacana, todo mundo gosta dela. Até porque, quando dizem que o mundo vai acabar e pra lá que a vizinhança busca socorro. Gosto muito da Dona Rosa, mas não gosto quando ela grita chamando Lairzinha: - Lairziiiiiiinha, vem logo menina, vem tomar banho, você até parece um moleque de Rua. Moleque nada. ela é a garotinha mais linda do bairro, a coisa mais engraçadinha que a natureza gerou. Lairzinha é bem clarinha e cabelos bem lisinhos e olhos claros cor de mel, parecem olhos de uma Leoa vegetariana e da mais Santa Paz. Dona Rosa tem as pernas longas e bonitas, cintura definida... Se não fosse uma Senhora Crente e muito afável, daquelas que transpira ternura sem pecado, todo mundo queria namorar. A criançada estava sempre de olho, os adultos a gente não sabe, eles nunca dizem certas verdades... Mas os dias iam passando e ainda faltava um montão de dias para o Natal, o dia do meu aniversário, quando eu teria novamente a mesma idade da Lairzinha. Era só um mês no ano de idade diferente entre nós, mas como machucava.