Escrever no Recanto das Letras

Sempre pensei que só escreveria POESIA MIÚDA. Procurei inspiração no MAR, SOL E LUA. Pensei enviar um SONETO GOSTOSO AO OG GO. Mas criar UM POEMA? Parecia a mim um exercício de FÉ. NA ESCOLA escrevia textos em prosa. Nunca conseguia rimar as palavras. Criava POEMA INSANO. Às vezes saia um ACRÓSTICO. Voltava chateado ao TRABALHO e escrevia a QUASE HISTÓRIA DE UMA GRANDE HISTÓRIA. Ia para casa de ÕNIBUS. E aproveitava o tempo para pensar dia a dia, de segunda a sexta numa verdadeira EXPRESSÃO DE FÉ (ou seria profissão de fé? Tudo se justificará ao final como numa PROFECIA). Aliás, fé não me faltava. Faltava conhecimento. Inclusive o bíblico. Num havia lido a Bíblia antes. Fui à biblioteca da minha cidade e pedi um exemplar das Sagradas Escrituras. Abri aleatoriamente no livro de ÊXODO, onde se encontram os dez mandamentos. Que leitura! Fiquei admirado porque não tinha a dimensão do verdadeiro texto. Conhecia o decálogo por tradição e não textualmente. Fiquei fascinado. Li um pouco mais e pensei até em escrever épicos. Presunçosamente comecei a escrever a história da civilização. Coisa de menino metido a escritor. Meu Deus! Já vão fechar a biblioteca e eu ainda sentado sozinho na mesa. Tinha de tomar o ÔNIBUS DE NOVO. Não estava acostumado a ficar até tarde na rua. Naquela época a biblioteca funcionava até as vinte e duas horas. Hoje infelizmente fecha no fim da tarde. Enfim... Coisas da vida.

Num gesto MECÂNICO, uma das bibliotecárias, já veio tomando meu livro (já me sentia dono) a fim de guardá-lo. A TENTAÇÃO de responder a funcionária de maneira mal educada foi grande. Pensei bem. Se o fizesse. Seria o meu fim. Ela iria tomar implicância e eu rumaria para APOCALIPSE de minha carreira literária. VALORES, valores... Por que tinha de aprender a não responder aos mais velhos? Isso foi durante muito tempo um drama em minha vida. Fazia verdadeiras acrobacias, ACROBACIAS AZEITADAS de tanta raiva, só para não responder aos que supostamente mereciam respeito. Só que eu também merecia, ora bolas. Só porque era um garoto? Qual a diferença entre MENINO E HOMEM? Em realidade há bem poucas. Falando de ESCRITOR PARA LEITOR, sabe-se que todo homem e toda mulher têm um pouco de criança dentro de si. Qual o motivo de determinadas pessoas não respeitarem os mais novos? Ficava indignado com isso. E ainda fico. Mas tanto que escreverei UMA CARTA AOS PROFESSORES E A QUEM MAIS INTERESSAR POSSA a fim de não deixar passar em brancas NUVENS esse problema. Desculpem-me o desabafo. Vou continuar no parágrafo seguinte.

Eu procurava uma RECEITA PARA FAZER POEMA. Não encontrava os ingredientes. Meu poema tinha de sair gostoso como se estivesse o leitor num ALMOÇO ÁRABE. Um parêntese: adoro comida árabe. Já até me vi num ALMOÇO DOS ALBUQUERQUE EM ALHAMBRA. Seria um lauto banquete com as mais finas iguarias do oriente. Que delícia! Chega! Isso aqui não livro de culinária! Vamos logo ao que interessa! Antes que o leitor perceba minha intenção. Estava dizendo sobre o meu fazer poético. Teria de criar uma JOGADA para conseguir selecionar palavras e uni-las de maneira eufônica e com sentido. Além disso o título teria de ser convidativo e coerente. Quanta exigência! Vamos pensar num assunto. LAGARTIXA! Não. Muito engraçado e poderia despertar nojo nas mulheres. Principalmente na AMANDA, tão delicadinha e frágil. Falar sobre o desempenho SEXUAL. Estávamos em outra época. Vivíamos na ditadura. Hoje é fácil falarmos sobre qualquer assunto. Posso escrever tranquila e elegantemente sobre O SEXO E O LEITOR. Mas naquela época impossível. Hoje temos a grande ajuda da Internet. Podemos criar um BILHETE VIRTUAL, que é como são os recados nos sites de relacionamentos. Naquela época somente cartinhas e bilhetinhos passados por debaixo das carteiras da sala de aula.

Enfim, fui encorajado a escrever desde cedo, mas como havia dito antes, em prosa. Minha professora da quarta série primária (atual quinto ano do Fundamental) dizia que algum dia ainda me veria um escritor. Parece que ela estava adivinhando. Não me profissionalizei, mas não desisti. Escrevia e destruía meus textos. Coisa de adolescente. Depois passei a guardá-los tão logo descobri uma ciência chamada Filologia. Tomei coragem um dia e publiquei um conto chamado PÁGINAS D’ÁGUA em Petrópolis, cidade imperial do Estado do Rio de Janeiro, numa coletânea chamada Mosaico V, organizada por Edith Marlene de Barros. Foi meu início. Passei por um longo jejum quebrado cerca de um mês e alguns dias com minhas publicações no Recanto das Letras atendendo ao convite do Campista Cabral, outro excelente escritor do site e meu colega de profissão e trabalho. Procurei escrever textos exclusivos para a página e, na medida do possível, atraentes. Num deles, chamado TÁXI CHILENO, conto sobre minhas aventuras no país de Pablo Neruda. Falo também da Terra de Jorge Amado e de Castro Alves, da minha São Gonçalo e de várias coisas que julgo interessantes. Acredito que você vai gostar.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 09/11/2009
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T1914223
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.