Apagando os fantasmas

Escrever é exorcizar fantasmas – disse Dostoievski .É o que todo escritor tenta fazer ao elaborar um texto.Exorcizar os seus fantasmas.Às vezes, lindamos com fantasmas mansos. Às vezes, com fantasmas complicados, imprevisíveis, perturbadores. Quando a melancolia aparece, a primeira coisa que vem à cabeça é colocar no papel essas crises existenciais que tanto tormento trazem às pessoas sensíveis.E ao escrevermos um poema , um conto... Podemos sentir o alívio que é o desabafo de quem está sendo agredido pelas flechadas do destino.Chama-se isso de cartase. Já passei por situações assim. A dor tomando-me a alma. E diante do sofrimento, do desespero, da revolta. Escrevo.Nem sempre sou coerente, mas a coerência parece não fazer parte do universo artístico.A arte é apenas um meio de refugiarmos da realidade da vida. E depois, o arrependimento. Por que eu escrevi isso? Fico me perguntando.Mas isso já aconteceu com muita gente. A emoção predomina e o artista faz coisa que em estado de lucidez seria diferente.Hoje, resolvi apagar da memória uma grande parte do que eu compus.As palavras – ásperas- ao invés de diminuir o meu drama, aumenta-o.Aí sinto-me forçado a rever esses conceitos. O da não agressão é o melhor.

Pois é, apagar os fantasmas. Não seria oportuno deixá-los soltos Por aí.Uma pacífica convivência com a dor é uma fórmula que acredito ser imprescindível a todos aqueles que são afrontados por esse estranho estado da consciência humana.Uma calma , uma luz.Daí vamos seguindo. Adiante pode estar a cura de todo o mal .Essa pequena crônica é um pedido de perdão. Perdão a Deus e a outros seres- também bondosos- que têm influência na minha vida.E a dor? Não direi que é uma companheira perversa. Ensinou-me muitas lições. Como também é a possibilidade de nos aproximarmos de Deus e crescermos espiritualmente.

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 12/11/2009
Reeditado em 10/08/2010
Código do texto: T1919430