A última da Dadinha

A Dadinha me contou noutro dia,

que depois de um relacionamento virtual

(vê se pode uma coisa dessas),

resolveu conhecer o "virtuoso".

Então, marcaram dia, hora e lugar.

Como é que iam fazer pra se reconhecer,

já que desconfiavam (belo início de relação),

que no troca-troca virtual, as imagens

talves, não correspondessem à realidade ?

Ela pediu a descrição das roupas

que êle usaria e malandramente,

o enrolou um pouco e acabou não

falando das suas (repararam na esperteza ?).

E lá foi a Dadinha.

Conforme combinado, na hora certa, êle apareceu.

Ela perdeu o fôlego, engoliu seco

e pensou que estava sonhando,

porque o que viu ali, era um sonho;

Robert Redford, ainda com seus trinta anos.

Ou quarenta, que seja.

Se aproximou, apresentou-se

e ficou vesga, de olhar naquele olhar.

Derreteu-se toda, com o toque daquela mão

e quase morreu, quando êle a conduziu

pra outro lugar, qualquer lugar.

Hipnotizada, nem reparou na mansão,

na piscina, no jardim.

Meu Deus ! Não queria acordar daquele sonho !

Mas, acordou. E da pior maneira possível,

quando foi apresentada pro amigo virtual real

(se é que isso pode realmente existir).

Até hoje, só tem uma vaga lembrança

da cueca samba-canção.

Do restante, não lembra, nem faz questão.

Segundo ela mesma diagnosticou, sofreu

um surto-bipolar-traumático-amnético,

ou seja, só lembra da melhor parte (Redford).

Da outra parte (Ford Bigode), não lembra.

Engraçado, né ?