Resposta ao discurso feminista em defesa da Hostilizada da Uniban

Cá em terras tropicais também sabemos ser pós-modernos, à nossa maneira, claro. O episódio da loira da Uniban, contudo, demonstra que temos uma mentalidade atrasada e pouco crítica para muitas coisas. Por exemplo, a hostilização dos colegas da loira não foi uma manifestação civilizada, mas por outro lado as atitudes da hostilizada não foram feministas, liberais ou revolucionárias, tampouco críticas, foram na verdade atitudes machistas, egoístas e conservadoras. Ela desejou ser um símbolo sexual machista e hoje colhe os frutos da fama de uma mídia igualmente machista e conservadora, e egocêntrica, do tipo: "Faça o que quiseres para aparecer, sempre haverá algum especialista legitimando cientificamente sua atitude". Aí vêm psicólogos, sociólogos, antropólogos, filósofos, intelectuais em geral e militantes feministas dar um ar científico e culto a um assunto vulgar e desprovido de política ou nobreza.

Acontece que nosso país carece de verdadeiros heróis, por isso qualquer um que apareça questionando o sistema e a hipocrisia da sociedade parece merecer, à la Dom João VI, o título de revolucionário, de herói, de vanguarda da liberdade. Mas não se iludam, sinceras feministas, a loira da Uniban não é revolucionária nem heroína. Como já disse, é machista e conservadora, reproduzindo a ideologia de símbolo sexual masculino e reproduzindo a ideologia da mídia faminta por polêmicas do cotidiano, para atrair o ibope dos seus consumidores. Essa hostilizada é um "Big Brother" fora de época, flagrada pelas câmeras amadoras, mas já incorporada à mídia profissional.

Feministas, sejam mais exigentes. Não é qualquer bunda que vira Pagu. As verdadeiras feministas e liberais eram intelectuais, tinham conteúdo político e crítico, eram cidadãs em luta pelos direitos sociais, tinham a mente na coletividade, na história, no futuro, eram altruístas, tinham um propósito nobre. Elas eram modernas. Hoje, nesta pós-modernidade, todo discurso sério é desconstruído para virar qualquer coisa. E quando qualquer coisa vira qualquer coisa, então nada mais faz sentido, é o sentido que se quiser construir, e para legitimá-lo o fantasiamos com os discursos nobres e liberais de quando as coisas tinham um propósito. Por isso o episódio da hostilizada se fantasia de luta pelo feminismo e luta contra a hipocrisia machista, mas na verdade, despida de pós-modernidade, a crueza é uma jovem que simplesmente quis chamar a atenção de forma machista até conseguir a legitimação da mídia para institucionalizar-se como entretenimento.

A jovem foi hostilizada sim, mas não é mártir de nada. Não é puta, mas também não é santa. E se é Pagu, só se for a Pagu da Rita Lee, e ainda sim, às avessas, uma Pagu não mais moderna, e sim pós-moderna, desprovida de sentido, desconstruída, e reconstruída na vulgaridade, sem conteúdo, só embalagem, puro entretenimento. É show, é só TV. É real, mas sem propósito social. É egocêntrico, é egoísta, é um machismo reconstruído com cara de liberalismo. É qualquer coisa que se queira fazer. Mas feminismo e criticidade, política e cidadania, da forma como a luta histórico-social séria teve o maior trabalho de construir a sangue, suor e lágrimas, e martírio, ah, isso não é mesmo! É só TV, é diversão momentânea. Não se enganem e elejam heróis de verdade.

Vitor Pereira Jr
Enviado por Vitor Pereira Jr em 14/11/2009
Reeditado em 14/11/2009
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