BEIÇOLA 54

O mano Silvinho, popularmente chamado de “Beiçola”, comemorou em alto estilo a chegada dos seus cinqüenta e quatro anos de vida bem vivida.

Seus amigos da Renascença, mais pròpriamente os filhos do finado Zé Adão (Aquiles, Roberto, Toninho e Lica) e da Dona Lourdes, hoje com quase noventa anos, ainda morando na mesma casa vizinha do número 448 da antiga Rua Padre José Maurício (onde fomos criados), resolveram homenageá-lo.

Limparam o quintal da casa, com o “Beiçola” supervisionando, prepararam um baita churrasco regado a muita cerveja, surgiu uma leitoa assada vinda do Bar do Marão (crédito do Silvinho referente a dinheiro ganho no “bicho” e emprestado ao herdeiro do Zé da Rosa), um litro de legítimo “White Horse” foi oferecido por um amigo, fitas de samba do Zeca Pagodinho foram colocadas num som emprestado por outro ... e o pau quebrou até as tantas!

Passei por lá por volta do meio dia, para levar o meu abraço de parabéns e fui envolvido pelo clima de intensa alegria da festa de aniversário do meu irmão. Ele é o cara!

Volta e meia chegavam grupos de pessoas amigas e conhecidas, trazendo presentes, se solidarizando com a justa homenagem ao cria famoso do bairro, ex-crack de bola no Renascença,no Cruzeiro, no Nacional de Uberaba, no Vasco da Gama carioca, no América/MG, Vila Nova/GO e Fortaleza/CE, clubes nos quais exibiu sua arte e o talento do seu refinado futebol.

E o “Beiçola” atendia a todos com a sua alegria inconfundível, abraçando um, sendo fotografado ao lado de outro, fazendo pilhérias aqui, gozando a tudo e a todos (inclusive a ele mesmo), marca registrada da sua personalidade gaiata e folgazã.

Daí a pouco surgiu o Heleno Rêgo, mais um primo chegando para a festa de arromba, trazendo um presente, uma caixa grande, com as assinaturas das pessoas que colaboraram na aquisição.

“- Abre, abre, abre! ...”, gritou a turma, já meio calibrada pelos eflúvios do álcool.

“Beiçola” abriu o pacote e se arrepiou todinho:- era uma bela camisa 11 do Vasco da Gama, do modelo atualmente usado pelo clube carioca, muito bonita por sinal.

Silvinho, emocionadíssimo, arrancou a blusa que trajava, vestiu a sagrada camiseta 11 do time cruzmaltino, agachou-se e fez a famosa pose do “crack”, apoiado nos dedos da mão direita e ligado nos “flashes” das máquinas imaginárias pipocando ao derredor:- era a encarnação viva da sua eterna paixão pela bola!

Os amigos, também muito emocionados, não se contiveram e cantaram, antes do bolo mesmo, o “Parabéns pra você”! Depois, chorando, ele se entregou aos abraços da galera.

Valeu, mano velho! Que Deus o abençoe hoje e para todo o sempre. E que você continue derramando essa alegria por onde passa! ...

-o-o-o-o-o-

Neves, 05/11/97

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 17/11/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1927765
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