A arte do encontro

Já dizia o fabuloso poeta Vinícius de Morais: “A vida é a arte do encontro embora haja na vida tantos desencontros”.

Fã confesso de Vinícius (homônimo do meu querido afilhado, do qual também sou fã...), assim como meu primo, Prof. Ulisses Vieira também o é (o whisky é o cão engarrafado...), sempre gostei de pautar minha vida sentimental pelas linhas musicais do nosso querido poeta e diplomata. Afirmo com toda certeza que nossa vida é como um filme. Fica sem graça se a imaginarmos sem uma trilha sonora. Existem momentos especiais em nossas vidas que nos remetem a uma canção e vice-versa, sempre. Uma formatura (I’ll Survive...hahaha), um namoro que nos dá saudade (In a little while – U2), ou aquele que achamos ser um grande amor em nossas vidas (Eu sei que vou te amar). Não importa o quanto gostemos de música, ela sempre vai estar presente. Ou em uma festa, ou em um carro de som que passa na hora de um beijo apaixonado. Ao contrário de um filme, a trilha sonora da nossa vida não é programada nem combinada, ela simplesmente vem.

Acontece de termos um momento mágico para recordar com uma música que não é bem o tipo ou o ritmo que mais gostamos, mas mesmo assim ela será marcante. Muito mais feliz será a lembrança se o ritmo e a música nos agradarem, aí a lembrança, de tão mágica e sublime, fica em nossa mente permeando o campo da ilusão e nos fazendo perguntar a nós mesmos se foi real, ou se de tão magnífico foi uma ilusão, um sonho.

Descobrimos que buscar a felicidade só depende de nós. Encontrar a carreira de sucesso, uma cidade que gostamos de morar, que círculo de amigos vamos ter, tudo isso é nossa responsabilidade, temos que buscar.

Na contramão desse sentido da vida está o amor. Não se busca uma pessoa pra se amar como quem tenta passar num vestibular, ou como quem procura um apartamento pra morar ou só pra passar o veraneio. O verdadeiro amor vem sem que a gente espere, mas depende de nós, estarmos no lugar certo e na hora certa para não perder a oportunidade de viver aquilo que a vida nos reserva.

Parece contraditório quando falo que não buscamos, mas temos que estar na hora certa, no lugar certo, mas é assim mesmo. Não podemos “caçar” nosso grande amor, mas precisamos estar preparados para sua chegada.

O coração é como um porto. Não pode ancorar um novo navio se estiver cheio, ou se estiver em reformas, com problemas de embarque e desembarque. Tem que estar no momento certo, preparado, vulnerável, seguro e feliz. Dessa forma a felicidade irradia o ser e deixa que outro coração em igual situação possa ancorar para fazer da vida a justificativa do seu propósito, que é promover a cada dia, a arte do encontro entre os corações que se amam.

Braulio Filho
Enviado por Braulio Filho em 13/07/2006
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