Cometer uma gafe? Melhor não, mas para quem?

É bem melhor ficar calada do que cometer uma gafe ou constranger alguém com isso... Porque certas gafes não constrangem só a pessoa que as cometeu, mas sim a vítima também...

É a segunda vez que eu passo por uma situação que, diante da dúvida, utilizei a sutileza e a tentativa do bom senso...

Uma vez foi em um ônibus não muito lotado... Não vi nenhum lugar para sentar a não ser o banco reservado aos idosos, deficientes, pessoas com criança no colo e gestantes. E já que não havia nenhuma pessoa nessas condições, o assento estava livre para mim. Sentei, claro!

Havia sido um longo dia, eu tinha andado muito por vários lugares, resolvendo muitas coisas e estava com uma bota que, apesar de confortável, àquela hora da noite já não estava mais tão confortável assim...

O ônibus seguiu seu trajeto e a cada ponto eu ficava atenta, caso aparecesse alguém no direito de usar o assento onde eu estava. E o coletivo foi enchendo, enchendo, enchendo... E em determinado ponto subiu uma moça, mas não tão moça assim, com muitas sacolas e uma bolsa grande na mão. E ela parou bem na minha frente.

Era magra, mas havia algo que me incomodava nela. A barriga. Um pouco saliente, arredondada, com um formato que denunciava uma possível gravidez... Mas ao mesmo tempo não parecia, afinal ela estava com roupas normais, um pouco folgadas até.

Fiquei um bom tempo tentando entender se era pança ou criança e me senti envergonhada de perguntar a ela. E se não fosse? Eu ficaria constrangida e ela mais ainda, coitada. Não perguntei, mas também não me fiz de desentendida. Levantei e cedi o lugar:

- Moça, pode sentar aqui!

- Não precisa não, pode ficar! (já estranhei aí e mesmo assim não quis perguntar) E para não deixar transparecer meu engano, aleguei:

- Sente-se aí, eu já vou descer. E você está cheia de sacolas... É melhor você sentar!

- Puxa, muito obrigada! Nunca vi ninguém tão gentil assim!!!

Pronto, confirmado. Ela NÃO estava grávida, porque se estivesse, sentaria sem ficar surpresa, agradecida ou admirada, afinal ali seria o lugar dela.

E no fim das contas eu acabei perdendo o lugar e eu NÃO iria descer logo, como havia dito a ela e ainda passei o resto do caminho aguentando aquela dorzinha chata no pé por causa da bota...

...

Semelhante caso, e o que me levou a pensar nesse assunto para escrever, aconteceu esses dias, no metrô.

Após um longo período de trabalho, tive que enfrentar uma

reunião em um outro lugar. E como a palavra "reunião" já indica que as pessoas devem ir bem vestidas, coloquei uma bela bota (outra) de bico fino, saltinho e caprichei no visual especialmente naquele dia.

Mal sabia eu que, além de ficar o dia inteiro no trabalho com aquela bota, ainda teria que enfrentar as caminhadas entre estação de metrô, baldeação, e caminhada até o local da reunião. E pra voltar também.

E voltando da reunião (cabisbaixa por não ter obtido uma resposta imediata do que eu queria, e com aquela leve impressão de que o famoso: "semana que vem a gente liga" foi um sinal de que ali mesmo eles estavam sendo sutis na negativa...) subi a ladeira da Teodoro Sampaio e entrei no metrô Clínicas. Pelo horário ainda estava suave, mas o assento azul berrante - dedicado aos casos especiais - era o único disponível no momento. Eu sentei, pois meus pés estavam latejando.

Algumas estações depois, apareceu uma mulher com cara de poucos amigos, porém com uma protuberância que indicava a presença de um bebê na área... Parou bem na minha frente e eu dei uma rápida olhada, uma média e depois uma longa naquele volume de pança... Aí resolvi me levantar como quem se preparasse para descer na próxima estação e fingi que nem tinha visto a tal "pseudo" gestante... E mais uma vez me enganei ao pensar que a pançuda estava prenha... Ela deve ter percebido meu engano, pois imediatamente se afastou dos assentos especiais e foi para outro canto do vagão, e lá ficou, em pé mesmo. E eu com cara de alface, prestes a descer na estação Paraíso, sendo que eu pretendia descer na outra estação (Ana Rosa) para conseguir pegar a baldeação para a Armênia com a possibilidade de encontrar um metrô menos lotado...

Mas como desci no "Paraíso", tive que enfrentar um metrô lotado, fui pressionada, empurrada, amassada e amarrotada por pessoas grandes e folgadas que não tem noção nenhuma de espaço e educação...

Pelo menos na Armênia peguei um ônibus vazio e pude me sentar sem culpa em um assento especialmente reservado para pessoas cansadas, com sapato apertado, que pagam mico tentando adivinhar se uma pessoa está grávida ou gorda, e que preferem sofrer tudo isso ao invés de se arriscarem a perguntar...

...

Mas enfim, fica a dica para essas falsas grávidas que aparecem por aí:

- Não usem bata!

- Não fiquem paradas com cara de dor, enjôo, cansaço e pena em frente aos assentos especiais!

- Vistam-se de forma a esconder as gordurinhas!

- E por último: academia tem em qualquer esquina, né? Então não custa frequentar uma para tentar pelo menos diminuir essa indesejável pança duvidosa...

Elaine Thrash - 17/10/2009

Elaine Thrash
Enviado por Elaine Thrash em 21/11/2009
Reeditado em 08/04/2010
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