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Um Contar A 4 Mãos

        04:15min da manhã. Uma música alta, ouço apenas o refrão: “Valeu a pena, valeu a pena, pescador de ilusão...” Uma sirene. Resgate? Polícia? Tão comuns as ocorrências que o som já está incorporado ao cotidiano. Faz falta o dia que não tem. É tão estranho estar calmo! Como nos dias de longos feriados. A cidade curiosamente parece ficar mais humanizada quando tem poucas pessoas em atividade. A gentileza e a tolerância parecem sentimentos de poucos. Todo mundo fazendo presenças nos lugares de lazer e numa ternura perceptível como se tivesse data certa para acontecer. Momentos de ver crianças brincando livres como deveriam ser todo dia, de gente se dedicando ou ouvindo ao outro dando a sensação de que estão de fato prestando a atenção. Eu aqui tentando escrever sobre algo. Uma cidade que dorme em parcelas. (José Cláudio)
        Estou inserido na parcela dos que usufruem do silencioso pré alvorecer, faço da madrugada minha amada companheira, relação duradoura e de total cumplicidade, me desfaço junto a mesma de todos os resquícios de superficialidades repetidamente utilizados enquanto o sol arde, maltrata e corrói, me abstraio com tudo aquilo que francamente me interessa, mergulho em transcendente contemplação, computador comigo acordado, muitas dúzias de palavras, sinto cheiro de solidão, mesclada com o aroma estimulante das oportunidades de um novo dia que há de nascer, convidado pelos primeiros cantares dos pássaros, barulhos espaçados de alguns poucos carros, eu e minha querida madrugada, é perto das 05h00min da manhã, continuo e mantenho minha prazerosa contemplação, em tudo aquilo que é tão somente meu, verdadeiramente. (Felipe Padilha di Freita)
        Por mais que eu tente e anseie, não consigo parar o relógio, o tic tac ouço bem de longe, cada minuto vai passando, a minha companheira de poucas horas está prestes a se despedir, são 5h:20min da manhã, e eu ainda com ela desabafando, lá fora largos passos já ouço, pessoas indo, pessoas voltando, aqui fico a sonhar, na esperança de um novo amanhã, poder contigo estar, para minha história assim continuar, quem sabe, algo de novo nesta cidade, que nunca para, venha me emocionar!               ( Dolce Bárbara )
        E continuo com os olhos acesos, numa noite e madrugada febris, onde minha cama não me guarda e sim maltrata dolorosamente, me doendo o corpo da espera por ti, e longamente ela se arrastou e eu pedi que a aurora me viesse abraçar, que outra noite destas não se avizinhasse de mim jamais, deixando que o sono viesse me acarinhar, me desse um beijo de boa noite e eu ficasse em paz. (Isabel Nocetti)
        A aurora chegou, e com ela o amargor da falta de notícias de uma grande amiga, onde andarás?, estarás perdida nas vielas desse mundo cão?, trocastes a viola e um bocado de angústias por amigos que anseiavam a presença tua em nossas vidas?, mesmo sem saber o bojo de tua aflição, aguardo ansiosamente outra madrugada, e com ela a esperança de mais uma vez ter os carinhos teus, amiga és definitivamente fundamental, mantenho o contar, apesar de tua tão dolorida ausência, eis um contar a 4 mãos...
( Felipe Padilha di Freita no lugar da artista Ana Maria Avelino)
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 21/11/2009
Reeditado em 12/02/2011
Código do texto: T1936145
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