Quem foi o sacana?

Existem coisas que gostaríamos de saber quem foi o inventor para educadamente, talvez, torturá-lo com martelo de ourives para demorar mais!

Vai dizer que nunca quis esganar o danado que colocou um detector no aparelho telefônico para que ele toque justamente quando você está no banheiro e pare de tocar um centelhésimo de segundo antes de sua mão alcançá-lo. Falando em banheiro, o danado que inventou os nós dos dedos para que as pessoas batam na porta naquele momento crucial em que você está na última trincheira de privacidade do mundo globalizado, bem que merece um cascudo, não merece? E a expressão “Tem gente?” quem foi o gozador que a criou? A vontade é responder: “Não, é um hipopótamo”, mas não creio que seria entendido.

E o frio na barriga, por que existe? Você ali, toda certinha, vestida de executiva, tentando demonstrar a mais infinita segurança e vem o danado do frio. Você disfarça, mas sente um leve tremor nas mãos, derrama o café, começa a suar, a maquiagem borra e você se atrapalha nas respostas. Foi-se a segurança, foi-se o emprego. Só por causa do maldito frio na barriga.

Do salto alto, quem foi o inventor inimigo das mulheres e grande amigo dos olhos dos homens? Tec-tec-tec-tec, se estiver vestindo uma saia mais ou menos justa, até o padre olha. Pode ser que para condenar ou esperar a confissão da paroquiana, mas que olha, olha. E o danado do salto empurra o pé para frente, amassa os dedos, entorta a coluna e ainda força um sorriso, pois andar de salto alto e não sorrir, não combina. Até engatar em fresta de paralelepípedo ou, pior, quebrar como um galho seco. Sabe aquela mulher sem classe alguma e invejosa até a medula (falando nisso, quem inventou as pessoas sem classe e a inveja?) e que nunca teve jeito para usar salto? Pois esse é o momento do sorriso dela, com veneno escorrendo pelo canto da boca.

Reunião, quem foi o gênio que criou a reunião? Eu sei, eu sei, é mais do que necessária, eu mesmo vivo enfurnado nelas, mas tem hora que não dá: um monte de gente falando ao mesmo tempo de uns dez assuntos diferentes e achando que sua fala é a mais importante, é sacal. Aliás, seria bom saber quem ensinou a desculpa esfarrapada usada por 60 entre 10 secretárias quando o chefe não está afim de atender: “Ele está em reunião”.

Saudação a político em discurso! Bem, esse é “hours concours”: “Quero, saudar Fulano deTal, presidente do Clube do Pé Inchado da Rua dos Sapos, quero saudar Sicrano....” Meia hora de “quero saudar” e ainda um discurso. O cara que inventou isso, decididamente, merece prisão perpétua. Em solitária, com uma gravação intermitente: “Quero saudar...”