Fora, Ahmadinejad!

Fora, Ahmadinejad!

O meu hipotético leitor já sabe do que penso de muitos governos e, bem assim das idéias torpes que sustentam ou, bem pior, os sustentam e, já leram também sobre o que eu acho de párias iguais a Mahmud Ahmadinejad, Presidente do Irã: um tipo agressivo e, perigoso, que despreza as regras da democracia representantiva, da cidadania, do direito da livre existência das nações, da resolução pacífica dos conflitos - já que é o representante de um governa que, faz tempo, massacra indivíduos e grupos internos e, financia o terrorismo em nível regional, no oriente próximo.

Falando claramente, portanto: não passa de um meliante, de um desses vagabundos da política internacional ao qual ainda não tiveram coragem de botar um freio.

Como bem diz Reinaldo Azevedo (Veja), ele é do tipo que nega o Holocausto porque deseja promover a sua própria hecatombe com armas nucleares - quer destruir por esse meio não apenas o Estado de Israel (o único país de regime democrático da região) mas, também a cada um dos judeus que o habita.

Ahmadinejad, foi recentemente reeleito mediante um processo eleitoral fajuto e, consequente uso da força, para impô-lo aos iranianos, será recebido pelo governo brasileiro -um dos poucos do planeta que teve coragem de vir a público de forma despreziva, para lhe emprestar solidariedade, depois dos protestos e revolta do povo iraniano, durante a qual, muitas pessas morreram e, muitas famílias foram desterradas de suas casas e bens (que ficou simbolizada no destino da jovem Neda Agha Soltani* e, sua família), alegando que se tratava de manifestações, reivindicações e sentimentos de natureza futebolística...

...Nosso Presidente da República pode até ignorar, mas até agora, já foram mortas cinco pessoas na forca, em razão dos protestos contra a fraude eleitoral, pelo governo iraniano. E outras oitenta e uma foram condenadas a penas de até quinze anos de prisão, noves fora o desterro de suas casas e bens. Não é pouco, não é mesmo?

E é bom de se registrar que, por trás do vistoso cargo do Presidente iraniano, existe um conselho teocrático que o controla feito um boneco na corda - o que dá uma idéia do que é o tosco governo e Estado iraniano.

Um mandatário de princípios só fala de paz com um facínora mediante cautelas, pois sabe que, por princípio, um facínora não vislumbra a paz, mas a confusão que distorce valores e certezas, o ambiente conturbado que leva ao ódio e, as meias verdades, que levam sempre à discordia.

Dias atrás, o nosso Presidente da República, falando sobre o tal do aquecimento glogal, dizia à imprensa num tom algo lamentoso e especulante, que o mundo é redondo e, não quadrado e tal...

Pois é, o mundo, por incrível que pareça, não é quadrado! É um mundo em que as suas várias faces podem se contemplar, enquanto se banham da luz do sol - ao contrário de um mundo quadrado, onde as diversas faces nunca se contemplam ou encontram, nem podem ser banhadas pelo sol do mesmo dia - justamente o mundo sonhado pela gente da mentalidade retrógada e, do pensamento supinamente autoritário.

Vejam só: dentro da verborragia do atual Presidente da República, um ato falho que demonstrou o seu jeito particular de enxergar o mundo e, o que podemos esperar disso, já que demonstrou claramente que ele enxerga o mundo de forma semelhante ao do boneco de corda dos aitolás iranianos!

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A imprensa informa que Mahmud Ahmadinejad será recebido numa Universidade (ou quase) de Brasília.

Abaixo estão partes do texto do discurso proferido pelo Presidente (cargo equivalente a Reitor) da Universidade de Colúmbia, Lee Bollinger, dito diante de Mahmud Ahmadinejad, por ocasião de sua visita àquela respeitada entidade de ensino superior e pesquisa.

Ocorrerá o mesmo na tal da IESB? Tenho certeza que não. Aliás, prevejo que, muito pelo contrário...

Eu o convido a lê-lo, hipotético leitor e, depois, refletir a respeito:

"...Nós, nesta universidade, não temos receio de protestar contra o nosso governo e de contestá-lo em nome desses valores. E não temos receio de criticar o seu governo.

Vamos deixar claro de saída: senhor presidente, o senhor exibe todos os sinais de um ditador mesquinho e cruel.

E eu lhe pergunto: por que as mulheres, os membros da religião Baha’i, homossexuais e muitos dos nossos colegas professores são alvos de perseguição em seu pais?

(…)

Por que o senhor tem tanto medo de que os cidadãos iranianos expressem suas opiniões em favor de mudanças? (…)

O senhor me deixa liderar uma delegação de estudantes e professores da Columbia para falar na sua universidade sobre liberdade de expressão, com a mesma liberdade que lhe garantimos hoje? O senhor fará isso?”

(…)

“Em dezembro de 2005, num programa da TV estatal, o senhor se referiu ao Holocausto como uma invenção, uma lenda. Um ano depois, o senhor apoiou uma reunião de negadores do Holocausto.

Para os iletrados, os ignorantes, isso é propaganda perigosa. Quando o senhor vem a um lugar como este, isto faz do senhor simplesmente um ridículo. Ou o senhor é um provocador descarado ou é espantosamente mal-educado [sem formação intelectual].

(…)

Doze dias atrás o senhor disse que o estado de Israel não pode continuar a existir. Isso repete inúmeras declarações inflamadas que o senhor tem feito nos últimos dois anos, incluindo a de outubro de 2005, segundo a qual Israel tem de ser “varrido do mapa”.

A Columbia tem mais de 800 ex-alunos vivendo em Israel. Como instituição, temos profundos laços com nossos colegas de lá. (…) Minha pergunta, então, é: “O senhor planeja nos varrer do mapa também?”

(…)

De acordo com o Council on Foreign Relations, está bem documentado que o Irã é patrocinador do terror, financiando grupos violentos como o libanês Hezbollah, que o Irã ajudou a organizar em 1980, e os palestinos Hamas e Jihad Islâmica.

(…)

Minha questão é esta: por que o senhor apóia organizações terroristas que continuam a golpear a paz e a democracia no Oriente Médio, destruindo vidas e a sociedade civil na região?

(…)

Por que o seu país se recusa a aderir ao padrão internacional de verificação de armas nucleares, em desafio a acordo que o senhor fez com a agência nuclear das Nações Unidas? E por que o senhor escolheu fazer o seu próprio povo vítima dos efeitos das sanções internacionais, ameaçando fazer o mundo mergulhar na aniquilação nuclear?

Deixe-me encerrar com este comentário. Francamente, com toda sinceridade, senhor presidente, eu duvido que o senhor tenha coragem intelectual de responder essas questões."

* - Leia os tankas que escrevi sobre o assassinato dela, aqui:

http://www.recantodasletras.com.br/haikais/1664983

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Ainda era adolescente, quando lia sobre a contrarevolução iraniana, que era liderada e organizada pelo aiotolá Khomeini (que estava baseado em Paris, França), cujo objetivo era depor ao xá Reza Pahlevi, presidente do Irã, então reputado pela intelectualidade de esquerda e a imprensa nacional e internacional como um tipo corrupto, anti-nacionalista, que submetia o país à sanha do capitalismo mundial.

A roda do tempo andou e, de vez em quando, temos pálidas notícias do horror estabelecido contra a população iraniana, depois que os aitolás assumiram o poder.

Onde estão os intelectuais e, jornalistas que deitavam loas sobre Khomeini e sua gente?

Todos sabemos: estão no conforto de suas casas, junto de suas famílias, gozando dos privilégios de vida ocidentais e, nem se quer refletem sobre a importância do que disseram à época ou, se preocupam com o destino dos iranianos, sufocado por um governo violento, corrupto e, tirano...