A paz do mundo começa em mim...

"Você pode dizer

Que eu sou um sonhador

Mas não sou o único

Desejo que um dia

Você se junte a nós

E o mundo, então, será como um só."

Imagine-John Lennon

“O que, de imediato, é preciso ser feito para que as autoridades responsáveis pela segurança dessa cidade, desse estado, atuem na proteção de todos nós que estamos na escola? Será que é preciso que um de nós morra? Será que é preciso que um ou mais de um dos nossos alunos morram?”

Na pergunta em tom de desespero de um professor, a indignação, a denúncia e a reflexão do problema da violência que entrou porta adentro das nossas escolas. Os relatos são assustadores, dramáticos. Roubos constantes, depredação do patrimônio, invasão de gangues, aumento da violência simbólica da intimidação, o tráfico se valendo das crianças e adolescentes para “aviões”, aumento de ameaças à integridade física de alunos e professores.

Escolas não são ilhas e, por serem, em sua maioria, instaladas em periferias desassistidas dos serviços públicos, em especial, de saúde, moradia, cultura, lazer e segurança, seria algo inusitado não serem afetadas pela realidade de violência do entorno. Neste contexto, o estado do medo cresce feito erva daninha.

A violência cotidiana da beligerância no recreio, entre as crianças e jovens, nos preocupa, e o tratamento, nesse caso, é pedagógico, porém a violência que invade a escola porque seu entorno tem problemas sociais graves, a violência gerada pela falta de segurança aos moradores das comunidades, essa violência a escola não sabe lidar e, certamente, não quer aprender.

É preciso entender que se as políticas públicas que garantem direitos fundamentais, educação, saúde, moradia, cultura, lazer e segurança falham, a necessidade do aparato repressivo aumenta. Entendo que a população clame por mais policiais na rua, mais efetivo do batalhão escolar nas rondas, não para PREVENIR mas para REPRIMIR, porque o caos já se instalou.

Algo precisa ser feito e embora participe de atividades como a consulta sobre segurança pública sugerida pelo secretário Pedro Montenegro, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, embora escute com muita atenção e concorde com as medidas de prevenção sugeridas pela comandante do Batalhão Escolar Major Fátima Escalianto e pelo comandante do Comando de Policiamento da Capital, tenente-coronel Mário da Hora, embora concorde com as medidas de segurança anunciadas pelo Secretário de Educação de Maceió, Tomáz Beltrão, acredito que nosso trabalho como educadores é investir na construção de uma cultura de paz, numa educação voltada para os valores fundamentais da vida humana.

Tenho convicção que o contraponto, que a opção para lidar com um problema que nos amedronta e desafia é o investimento numa educação cidadã para essas crianças e jovens que convivem diuturnamente, não por opção, com a violência em suas comunidades. Ao mesmo tempo, a luta pela garantia dos direitos sociais conquistados em lei, a luta por políticas públicas que garantam os direitos fundamentais à vida humana neste planeta deve ser bandeira de luta de toda a população que acredita que um outro mundo é possível.

É bom sentir que não estamos sós. Durante os dias 03 e 04 de dezembro, educadores e educadoras, lideranças governamentais e comunitárias de várias partes do país trocam experiências e ratificam este propósito no 1º FÓRUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA A PAZ NAS ESCOLAS E NAS FAMÍLIAS, realizado aqui em Maceió e a população de Maceió estará afirmando isso também na VII Grande Caminhada pela Paz de acontecerá no próximo dia 6 dezembro, comemorando o Dia Estadual e Municipal da PAZ.

A paz no mundo começa na disposição de cada um e cada uma em construí-la dentro de si e na disposição solidária de se juntar a outros nessa construção. Façamos a nossa parte porque juntos, no diálogo, na alegria do convívio, a construção da paz não será discurso vazio, utopia.