Dia ganho, bem ganho

Entre os jazz e blues. BB King, Stanley Jordan, Eric Clapton., John Scofield, Ella Fitzgerald, Miles Davis, vagueia um sentimento, um bem estar que abre um sorriso em minha alma e minha boca acompanha; porque um sorriso é como uma cerveja bem gelada, requer boa companhia. Falar de música e de músicos, mesmo que comigo mesmo, lembrar que preparei umas pimentas no azeite para quando minha irmã vier nos visitar, que corri aqui e ali, atrás de frutas e legumes e ainda deu tempo pra conversar fiado com os pedreiros e ver os tijolos dando forma à minha casa, entre muitos copos com limonada e gelo moído porque o calor tá violento, apesar da chuva. Pesquisei na internet sobre o Preventório Santa Clara em Campos do Jordão, onde minha mãe trabalhou. Mandei dois emails para pessoas que nunca vi e que estiveram lá nos anos 40, só pra ver se lembram da minha mãe, pra ela recordar velhos bons tempos e eu me deliciar olhando. O céu em cinza promete ainda muita água. E a vida segue seu ritmo, frenético ou languido, dependendo de como a vemos e sentimos. Apesar da correria o dia correu pra chegar mas correu lentamente, sem pressa nem resmungos. Agora um Love me tender com Elvis se intrometeu entre um blues e outro. Acho que vou ali tomar uma cerveja gelada, encostado no balcão da padaria, ouvir as conversas e mexericos e observar o entra e sai. Eu já me senti traído, injustiçado, desamado, já sofri dores físicas muitas, mas nada, nada mesmo é tão ruim que não valha um sorriso e um olhar de admiração para com a vida; um olhar e um gesto de agradecimento diários pelo privilégio de estar aqui, como diria o Aldir Blanc, mofando “entre o torresmo e a moela” – Envelheci mas continuo em exposição, a ex mulher me chama de sardinha de balcão, respondo sempre que bem melhor que apodrecer ao lado dela é ir mofando entre o torresmo e a moela. Um grande abraço, amigos.A vida é muito linda e vale cada instante. Os percalços apenas sublinham em negrito os bons momentos. A redundância? É proposital, só pra reforçar.