E nossa parte?

Os poderosos do mundo reúnem-se me Copenhague, na Dinamarca, para tratar da sobrevivência do Planeta Terra. Talvez não com tanta carga dramática, mas, no fundo, no fundo, todos esperamos que se conscientizem, tomem as decisões corretas e que essas sejam cumpridas. Eu e minha ingenuidade!

O conteúdo dos protocolos eventualmente assinados obedece a um emaranhado de pequenas regras, grandes medos e enormes compromissos, nem sempre os mais elogiáveis, o que faz deles peças de uma coreografia de poder, jogo de influências e satisfação para a plateia. Mas – sei lá em que bundas a água está chegando – alguma coisa de bom fica nesses documentos. Cumpridos, podem ajudar na sobrevida de nosso lar. Pena que o caminho entre debater, decidir, escrever, assinar, publicar e cumprir seja tão longo, íngreme, cheio de curvas e armadilhas. Mas, “não tá morto quem peleia”.

Pois é, isso são os grandes, lá, em sua Conferência, mas e nós? Fazemos as coisas mais simples para ajudar a salvar o Planeta?

Preocupamo-nos com o aquecimento global e não andamos uma quadra se não for de carro. Para fazer exercício, de carro até o local mais perto da academia e isso vale para ir caminhar ou buscar o filho na escola, a menos de um quilômetro de distância. Com nossos aplausos, o mundo sofre uma inundação de automóveis, a maioria sem necessidade.

Enchentes aterrorizam, mas asfaltamos cada metro quadrado possível e o que não é, damos um jeito de construir em cima, não deixando qualquer alternativa como caminho natural da água. Achamos natural usar sacolas plásticas para qualquer comprinha idiota, quando não deveríamos usá-las nunca, e, um dia, as colocamos no lixo, além das toneladas jogadas nas ruas etc. e que serão obstrutores de rios e causadores de tragédias. Janelas de carros são verdadeiras bocas insaciáveis por onde passam de papéis de bala a fraldas descartáveis usadas, direto pra rua.

Conscientizamo-nos da premente escassez de água potável, mas não hesitamos em chuveiradas de 45 minutos, lavar louça e escovar os dentes com a torneira aberta, lavar o bendito carro duas vezes por semana, com água tratada e registro aberto, é claro, e não abrir mão de qualquer conforto que gasta muitas vezes mais água do que o necessário.

Sabemos que, se tudo continuar assim, em breve muita coisa vai faltar, mas deixamos a separação do lixo para amanhã, se der.

Pior que sei que sou redundante, pois milhares dizem o mesmo. Então, por que não fazemos o que tem que ser feito?

Desperdiçamos papel, plástico, energia elétrica, água, combustível, natureza e vida. Não dá para deixar apenas os grandes decidirem (“É de pequenino que se torce o pepino”), precisamos agir já em nosso pequeno mundo. Ou ensaiar para tocar as trombetas do Apocalipse.