...E A FÚRIA NÃO FERE A CALMA...

O motoboy desviando sua motocicleta nos corredores imaginários criado entre veículos. A bossa nova feita no século XXI enche o som do taxi em que me encontro. A chuva cai torrencialmente e o trânsito está parado. O taxista diz que pretende desistir da profissão que exerce durante longos vinte anos. Eu olho através da janela cheia de respingos uma cena de agressão corriqueira nesta época de tanto stress gratuito. As buzinas ecoam numa repetição sem fim. A porta do carro ficou amassada após o chute que levou. Ambulantes vendem suas capas de chuva que derretem na água. Crianças brincam de adoecer nas pequenas e grandes enchentes que se formam. O taxista repete que não aguenta mais, que cansou de esperar que a população se conscientize do caos que ela mesma produz. As gotas continuam caindo de forma autoritária quando chego ao meu destino. Descarto meu guarda chuva, resolvo andar a pé até o portão de casa, que se encontra repleto de lixo e mediocridade humana. O despreparo encontrado nas declarações do taxista ganham reais interpretações na minha frente. O dia termina com a certeza do resfriado e a dúvida da sanidade.