400 HOMENS E A OPERAÇÃO NOROESTE...

Os municípios de Riachinho e São Romão, ambos, da região Noroeste do Estado de Minas Gerais, já com fortes tendências ao Norte. Cidades pacatas, de povos simples e hospitaleiros, onde a roda de amigos ainda se faz presente, as festinhas de finais de semana, todo mundo conhece todo mundo, pelo menos de vista. Riachinho, munícípio ainda muito novo, desmembrado de São Romão, cidade histórica situada às margens do Rio São Francisco, local onde fora no passado, o centro comercial de toda essa região, como a bi-centenária Paracatu do Príncipe, João Pinheiro, Unaí e outras mais. O Rio São Francisco, com suas embarcações de pequeno e médio porte, balsas e vapor, como há ancorado em Pirapora, o magnífico "Benjamin Guimarães" patrimônio histórico deste País, o único em funcionamento no Brasil nesta modalidade, hoje utilizado para o turismo.
No ano de 2007, próximo do XIV CARNABOM*, um acontecimento marcante, assustou toda essa gente, foi o assalto às agências do Banco do Brasil, de Riachinho e São Romão. Momentos de pânico, medo e desolação, dos funcionários, clientes, dos comerciantes e toda a população. Levaram boa quantia de dinheiro, confrontaram com os policiais, e acabaram fugindo, rumo ao município vizinho de Bonfinópolis de Minas - MG. E nesse percurso, fez 03 reféns, todos moradores da região, que indefesos, frente ao forte armamento dos bandidos, a tudo submeteram. O mês de fevereiro estava bastante chuvoso, e eles tinham que adentrar as matas, fugindo com os 04 bandidos, e obrigados a carregar as cargas, armas e munição, sob forte pressão psicológica.
O caso tomou proporções além da capacidade policial da região, e reforços foram chamados, na tentativa de capturar os autores e libertar os reféns. O tempo foi passando e os meliantes foram se aproximando da cidade de Bonfinópolis de Minas, que se tornou o "Quartel General" de todas as buscas, as dificuldades foram só aumentando, e as diferentes corporações militares foram chegando, helicópteros da Polícia Militar, Polícia Civil e IEF foram utilizados, que chegou a ficarem pousados na praça, próxima ao Destacamento da PM, (05) cinco helicópteros, sem falar das inúmeras viaturas e Policiais da ROCCA, ROTAM, GOTE, GATE, e até agentes da Polícia Federal; e, no auge das buscas, chegou-se a "400 Policiais" envolvidos. A Rede GLOBO de Televisão, a BAND a RECORD, e suas afiliadas regionais, em seus telejornais davam as manchetes. Jornais famosos como o ESTADO DE MINAS, dedicaram páginas inteiras sob a operação, com entrevistas com diversos comerciantes e políticos locais, enquanto helicópteros sobreavam incessantemente toda essa região. E todas as entradas e saídas da cidade, eram permanentes as blitz, com policiais fortemente armados e com cães farejadores. Detetives especializados por toda a cidade, foram utilizados salões da igreja como alojamento, ninguém podia comentar nada por telefone, sob suspeita de estar sendo ouvido ou gravado.
O movimento na cidade diminuiu, quase todos os comerciantes reclamaram grandes quedas de vendas, com exceção dos proprietários de restaurantes que quadriplicaram a quantidade de refeições diárias, visto o grande contingente policial. Os moradores da zona rural, só saíam de casa na companhia de outros e tiveram de mudar a rotina, pois não sabiam a que ponto poderiam estar os bandidos, assim, deixaram de vir a cidade, pois apreensivos, tinham medo de serem perseguidos e assaltados. Em todas as conversas, o assunto era um só, a "Grande Operação Noroeste". Na noite de sábado de Carnaval, muita gente na praça, dois helicópteros sobrevoaram o tempo todo a "Praça Silvésia Cândida Maciel Gonzaga", local dos eventos, onde os shows artísticos aconteciam.
Mas, infelizmente, com todo esse aparato policial, os assaltantes ainda conseguiram se escapar, passaram por dentro da cidade, com certeza disfarçados, o mais aceitável pela população, e pegaram a Rodovia MG 181, onde libertaram os reféns e fugiram para bem distante, tomando rumos ignorados. Assim, aos poucos, a cidade foi retornando ao seu normal, de cidade pacata, que embora não sendo nos limites do seu município que tal fato ocorrera, vivenciou tudo, como se fosse de fato, o que realmente a transformou no QUARTEL GENERAL, de onde partiam todas as informações para o Comando Geral Militar, para os especuladores, para a comunidade local e à Imprensa Nacional.
Com o retorno dos "400 Policiais", dos "05 helicópteros", inúmeras Viaturas e detetives, ficou para trás, toda a enorme despesa desta Operação Militar, jamais vista na região, ou talvez no Estado de Minas Gerais, e, a frustração de toda a comunidade civil, que esperava ver o resultado positivo de toda a busca, ou seja, a "captura" e "prisão" de todos os envolvidos, que de uma forma ou de outra, pertubou a paz e o sossego, neste recanto das Minas Gerais.


* CARNABOM - Carnaval de Bonfinópolis de Minas


 
Bonfinópolis de Minas - MG, 15 de dezembro de 2009.


Nota do autor.: Não faço uma "crítica" à Gloriosa Polícia Militar, mas um "questionamento profundo" que será difícil de se explicar perante a sociedade civil.

Foto: Arquivo do Autor - Alguns dos Helicópteros utilizados na Operação Noroeste


POETA NUNES DE SOUZA
Enviado por POETA NUNES DE SOUZA em 15/12/2009
Reeditado em 27/07/2011
Código do texto: T1980088
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