COISA MAIS IMPORTANTE

A vida proporcionou-me participar de momentos bem interessantes. Vez em quando rememoro alguns desses, nos quais fui partícipe ativo e minha atuação foi decisiva para dar um toque de humanidade nos mesmos. Sinto-me, por isso, uma pessoa altamente privilegiada em ter podido, com minha energia, objetividade e coração, humanizar um pouco as coisas em meu derredor. Embora imbuído de compreensão de caráter universal, em muitas ocasiões, fui obrigado a agir com certo rigor para impor o que considerava correto. Dotado de espírito inquieto e ágil, sempre lutei à favor dos menos aquinhoados da vida. Considero e entendo que poderia ter feito muito mais pelo meu semelhante, embora saiba que, com este perfil, a gente é sempre testado a todo minuto, a toda hora e em todos os dias e, na medida do possível, vamos desempenhando nossa missão aqui na terra.

Por outro lado, sinto-me à vontade para afirmar, com letras verdadeiras, que não tenho nada de “Santo”, mas sim de um Pecador da mais alta categoria. Outra coisa que se faz necessário esclarecer, são os limites impostos pela condição financeira, que às vezes impede a gente de galgar horizontes mais amplos em termos de ajuda ao próximo. Em resumo, no geral, por ter escolhido priorizar o ser humano, pude assim, em alguns casos, colaborar para tornar o mundo mais bonito. Como já afirmara em alguns de meus escritos anteriores, fui utilizado, como instrumento, certamente por força cósmica superior, para ajudar até no salvamento de vidas humanas, inclusive, o que, aliás, não me torna superior à ninguém.

De todas essas aventuras das quais participei, a mais importante, talvez, foi a acontecida aqui em Goiânia, capital de Goiás, no ano de 1.997. Era Natal e o comemorei em minha residência, cercado de minha saudosa esposa, meus filhos e alguns parentes próximos. No outro dia subseqüente, dia 25, logo bem cedo resolvera visitar minha cunhada, Maria Eleusa Simino da Silva, residente no bairro, Jardim Curitiba II e que por lá reside até hoje. Como naquela casa todos são crentes e não consumiam bebida alcoólica e eu estava numa ressaca de fazer pena, resolvi convidar meu cunhado, esposo de Maria Eleusa, o Elias, para ir comigo em algum lugar que vendesse bebida para eu poder tomar alguma talagada da danada para rebater aquela ressaca da qual fora acometido. Como era feriado, só encontramos um supermercado aberto, denominado Supermercado Ponto Final, que existe até hoje. Na porta do mesmo, na calçada, via-se, pelo menos, umas 15 crianças brincando com os presentes ganhados de Papai Noel. Bem próximo dali observei 5 outras criancinhas de cor negra, 2 meninos e 3 meninas, sujas, maltrapilhas, com seus olhinhos compridos nos brinquedos das outras crianças que divertiam-se alegremente. Deixei a cachaça de lado e aproximei-me daquelas 5 e perguntei-lhes pelos brinquedos delas. Elas, transparecendo ar de tristeza, disseram-me que o Papai Noel se esquecera delas. Imediatamente rebati-lhes, dizendo que estavam enganadas, por que eu estava ali, à mando de Papai Noel, para saber quantas crianças tinham ficado de fora da lista de entrega dos presentes. Adentrei-me no supermercado e comprei quase todos os tipos de brinquedos lá existentes e dei para aquelas pobres criancinhas. O que mais me comoveu foi constatar a alegria que delas se apoderou. Com os olhos em prantos, entrei no meu automóvel e ainda pude vê-las pelo retrovisor agitando no ar com bastante alegria seus brinquedos, como quem diz: Somos gente também !!!

Amarú Inti Levoselo
Enviado por Amarú Inti Levoselo em 21/07/2006
Reeditado em 21/07/2006
Código do texto: T198622
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