Irá para o túmulo

Passando em frente a uma reforma de um estabelecimento comercial, notei uma senhora olhando o pintor fazer seu trabalho, mas essa senhora estava imóvel, olhar fixo. Não dei muita bola, poderia ser a dona do estabelecimento supervisionando o serviço de reforma.

No dia seguinte a mesma senhora, no mesmo local, olhando o escrito pintado no dia anterior, já não havia mais pintor, mesmo assim ela continuava a olhar. Essa senhora exatamente com as mesmas roupas, não aparentava alienação, pelo contrario, tinha ate uma boa aparência.

Já intrigado, diminui meus passos, observando mais atento a mulher, que não demonstrou nenhuma reação, continuou imóvel, olhando para a fachada do estabelecimento.

O que será que passava na cabeça daquela senhora? Nem faço idéia, poderia ser tanta coisa...

Aquela situação se repetia a dias, eu já não me contendo de curiosidade, passei por lá em um outro horário, bem mais a tarde. Para aumentar minha curiosidade, a mesma cena, a senhora olhando a fachada.

Depois de umas duas semanas, ainda intrigado, passando por lá, no mesmo horário, não vi a senhora, que já fazia parte daquela paisagem. Ora, o que teria acontecido? A obra ainda não havia terminado, se tivesse, poderia justificar pelo menos alguma coisa.

Intrigado perguntei ao dono de uma papelaria ao lado, quem era aquela senhora que ficava ali parada, se ele a conhecia. Ele me disse que não sabia, nem conhecia a mulher.

Nunca mais vi aquela senhora, jamais matarei a minha curiosidade: O por que? Ou para Que? ... O que ela pensava...

Terei que conviver com isso, se ao menos eu tivesse perguntado a ela.