FILA DO BANCO

Fila do Banco

Estava na fila preferencial do Banco. Era a quarta dela. Na outra fila havia dez pessoas.

Havia três caixas atendendo na fila que não era preferencial. Na minha fila só um caixa.

Minha fila não andava. Fiquei observando a outra fila que andava mais e falei com um senhor que estava a minha frente:” nossa fila não anda, estou observando a outra fila e anda muito mais rápido.” Ele me falou: “quando estou aqui, não olho a outra fila para não ficar nervoso.”

Eu lhe disse: “eu deveria ter trazido um livro, assim eu ficaria lendo e nem pensaria na demora.”Ele me perguntou: você gosta de ler os clássicos? “Sim. Eu gosto muito de um autor úngaro Sandor Marai, já li vários livros dele. Há um livro dele intitulado: Confissões de um burguês,é uma autobiografia. Lendo esse livro constatei que quase tudo que ele escreve em seus livros, ele já viveu como: a vida no internato de seus personagens e outros fatos.Você deve ler algum livro dele. Sugeri que ele lesse Divórcio em Buda. Anotei o nome do livro e do autor num papel de recibo de uma conta que ele ia pagar. Ele me perguntou se eu tinha lido Capitães da Areia de Jorge Amado. Eu lhe disse que li e não gostei. Não gostei porque ele conta história de meninos de rua. Quando um romance conta história que é fácil de imaginar eu não gosto. Ele me perguntou:” você não considera o sentimento?” “Nem pensei nisso, li por que eu queria saber por que os professores indicam esse livro e também A morte e a morte de Quincas Berro D’água. Bom, mas acho que todo livro que a pessoa queira ler, ela deve ler.

Ler é muito bom. Só não devemos ler no ponto de ônibus à noite. Uma noite estava no ponto de ônibus na Teodoro Sampaio lendo Metamorfose. Uma pessoa ao meu lado me disse: “você não dever ler a essa hora, pois um ladrão vê que você está distraída e pode te assaltar.” Por isso não li mais, à noite, no ponto. Quando terminei de falar, chegou a vez de o senhor ir ao caixa.

Há males que vem para o bem. Fiquei muito tempo na fila, porém escrevi esta crônica.