UM DIA NA PRAIA

Dia lindo, sol, gaivotas no céu, mar! Ah, mar! Doce mar! Que delícia estar sentado na areia, de tardezinha, olhando a natureza ao redor. Tudo bem que a praia não era lá essas coisas. A areia estava cheia de lixo, a água, suja, quase não havia pessoas nadando. Também, que sorte a minha ter parente que mora no litoral pra poder, ao menos passar as férias na beira do mar. Ok, para poder ir a uma praia que preste tenho que pegar meu carrinho, colocar tudo dentro dele, toalhas, bóias, três meninos, sombrinha, caixa de isopor, mulher falando no meu ouvido...

Deixa isso pra lá. Hoje estou aqui. Resolvi dar uma fugida de todos. Às vezes faço isso. Reservo um momento para mim. Gosto de parar e olhar o sem-fim do horizonte. E às vezes alguma pessoa interessante que aparece nas redondezas. Nem vem que não tem! Olho todo tipo de pessoas, viu? Não só as mulheres que passam! Também, se eu for esperar ver mulher bonita nestas paragens, tenho mesmo é que ficar sentado para conseguir ver algo que valha a pena!

Foi num desses momentos de reflexão (e observação) que me deparei com dois homens (sai pra lá que não sou desses!). Eles chegaram e sentaram na areia. Como eu estava a uns duzentos metros deles, não ouvi o que diziam. Mas o que me chamava a atenção foi que eles estavam segurando garrafas vazias de refrigerantes, dessas de dois litros. Santa imaginação que provoca! O que será que eles iriam fazer com as garrafas? Bóias? Não sabiam nadar, por acaso? Não, não parecia ser isso. Estavam bastante descontraídos, brincavam com as garrafas, batiam uma na outra, conversavam animados. Você deve estar se perguntando: o que tem de mais dois homens com garrafas nas mãos, sentados na areia da praia? Que cara mais sem ter o que fazer pra tá tomando conta assim da vida dos outros! Tá bem, cabeça vazia, parque de diversões do Você Sabe Quem! Vou deixá-los pra lá.

Espera! Eles se levantaram. Foram para a água. Entraram só até os joelhos. Estão enchendo as garrafas. Molharam as cabeças apenas. Saíram da água como se tivessem feito um ritual sagrado. Fecharam as garrafas. Santo Deus! Água de mar, em garrafas. Água que nem limpa era, dentro de garrafas. Foram embora.

E agora, que fazer? Que pensar? Caraminholas na cabeça incomodam!

Afinal de contas, alguém aí pode me dizer o que aqueles caras fizeram com a água?