NÃO HÁ PESSOA PERFEITA

Do ponto de vista psíquico e até mesmo estético, não há pessoas perfeitas. Mas constantemente ouvimos de algumas dessas as estarrecedoras frases: esta é a mulher perfeita para casar com meu filho, a minha irmã é perfeita, meu filho é perfeito para sua filha. Pobres criaturas desprovidas da razão e do conhecimento humano! Não existe ser humano perfeito, seja este homem ou mulher.

Pura pretensão daqueles que têm uma psique em desequilíbrio com a realidade. Pois sabemos que a cada dia nos digladiamos a procura de um ponto de equilíbrio, de estabilidade e perenidade de conduta física e emocional para convivermos pelo menos de maneira convencional de civilidade.

O que faz essa gente pensar que a perfeição é inerente a certos seres humanos, se ser perfeito, está inserido num contexto do quase divino? Vejam o que diz Aurélio Buarque de Holanda Ferreira: “perfeito”, que reúne todas as qualidades positivas concebíveis, ou atingiu o mais alto grau numa escala de valores. Dificilmente vamos encontrar uma pessoa que possua essas qualidades positivas, sem que não traga pontos negativos no seu bojo.

Se fôssemos perfeitos, a terra seria uma chatice. Imaginem dias após dias, sem podermos encontrar nada que nos desse o tom para iniciar uma conversa, um bate papo, falar do amigo, da mulher do amigo, dos filhos do visinho, do galã da casa ao lado e da boazuda do apartamento fronteiriço ao nosso ou da rua transversal a nossa rua.

Essas pessoas não devem está falando serio, só pode ser brincadeira. Um ser humano perfeito não existe; o único que existiu acabou por ser crucificado em um madeiro, pelos nossos ancestrais, pois este ofuscou, sem pretensão, a todos que o conheceram como homem.

Acorde e pare de colocar caraminholas nas cabecinhas ingênuas de quem se deixa taxar de perfeito. Esse é um rótulo demasiadamente pesado para ser carregado.

Alem de não precisarmos levar a vida tão a sério, também não há porque levar a sério o rótulo de perfeito acredite você não o é. Mas vale apenas tentar ser melhor a cada dia, para consigo e depois para com os outros. E assim, quiçá nos tornemos “maluco beleza”, porém nunca perfeito; rótulo atribuído por esses loucos imperfeitos, que se dizem normais.

Mas quem de nós não o é? Você se arisca a responder? Eu com toda certeza não me arriscaria.

Rio, 31/12/2009

Feitosa dos Santos