UM DIA DE FÚRIA CABELUDA

Há um mês que estou planejando sair para cortar o cabelo. Nesta cidade, se voltei a um mesmo salão de barbeiro é muito. É-me muito difícil retornar a esses lugares. Sempre procurei, como agora, um novo salão - barbeiro diferente, desconhecido, totalmente desconhecido.

Mas está se tornando cada vez mais difícil essa tarefa.

Moro na cidade há mais de vinte e cinco anos e, imaginando-se que a cada ano corto o cabelo quatro vezes, já devo ter passado por mais de ... vamos ver... quatro vezes vinte e cinco, são cem. Então é

isso: já fui pra mais de cem vezes ao barbeiro. Repeti, como já disse, um mesmo local, no máximo, uma vez... então devo ter passado por dezenas de pares de mão cortando meu cabelo.

Mãos desconhecidas cortaram, apararam e “fizeram o pé” na minha cabeleira! E eu não via a hora que tudo terminasse.

E tudo isso porque sou vítima de uma incômoda doença incurável... dermatite seborréica.

Maldita dermatite!

Afastou-me da convivência social. Lá uma vez ou outra participo de uma reunião de família ou de amigos. Infelizmente existem pessoas que não deixam passar nada e, então, vem um comentário atravessado, um olhar de nojo, ou de ironia – e não sei qual deles é o pior.

Pois é... talvez tudo seja cisma, mas não consigo mais me livrar desse trauma.

Diante desse impasse e desse complexo incurável, resolvi que não saio mais desta caverna...

GRRRRRRRRRRRRrrrrrrrrrrrrrrrrr...