Toca o telefone...

Sei que pode parecer grosseiro de minha parte, mas, se dentre os leitores houver alguém que conheça-me pessoalmente, ou que já tenha discado meu número fixo, ou móvel, vai concordar. É típica minha ‘sutil’ frieza e falta de paciência ao telefone. Não sei a que se deve tal fato, mas, verdade seja dita, ninguém merece atender ao celular às 02:27AM (altas horas da madrugada!!!) com aquela voz rouca, embargada pelo sono, e ainda ter de ouvir:

- Te acordei? Só queria saber se você vai trabalhar amanhã... blá, blá, blá...

Fala pra mim, você não mataria um sujeito desses, logo pela manhã, assim que o visse no escritório? Eu sim! Não tenham dúvidas! (talvez, até esconderia o corpo!) Brincadeiras à parte (não contem com isso...) convenhamos, todos os dias, diversas situações ao telefone incomodam e perturbam nossa paz de espírito. Apenas para constar dos autos, “EU NÃO TENHO PACIÊNCIA AO TELEFONE!”

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05:30AM

Toca o despertador (do celular) e eu já desperto pelo ruído de um aparelho de telefonia móvel. Ok. Muitos tem seu despertar de mesma forma. Tudo certo. Passam-se alguns segundos, o mesmo aparelho já toca. Alguém me liga. Notem que são apenas cinco horas da MA-DRU-GA-DA! (alguém perdeu a parte onde eu disse: cinco da madrugada e meu celular estava tocando?)

- Alô? Jony? Oi, era só pra te acordar, pra você não perder a hora... beijos, tchau...

Nem tive tempo de mandar o infeliz para lugares inabitados e desconhecidos - até então – pela humanidade! Que seja! No último dia faltei ao trabalho, pois perdi a hora. Os fins justificaram os meios! (será????)

A paciência e o meu dia, já haviam ido pro saco! Desculpa o linguajar... ( se você espantou-se com “saco”, nem queria saber o que eu pensei quando meu celular tocou às 05:30AM!!!!)

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06:00AM

Já estou saindo de casa, quando... adivinhem, amigos? Mais uma vez! A essa altura do campeonato, imagino que seja uma pegadinha, até esboço a reação de quem procura uma câmera escondida, mas acho que estou muito sonolento, ainda, para gracinhas.

- Alôôôôôô!!!!

- Jony?

- Você ligou para quem?

- Liguei pro número do Jony... (o ligador nem completa a frase, e eu assassino a sentença! Xeque!)

- Então, com quem você acha que poderia estar falando? (Agora sim, xeque-mate!)

Silêncio... quase me arrependi de ter usado tal grosseria, apesar de... (você se lembra que são apenas seis da manhã, certo?)

- Jony, sou eu... ( importa-se se eu ocultar o nome da pessoa?) não vá se atrasar, hein?

- Pode deixar.

Esboço um sorriso (amarelo feito um girassol!) e despeço-me, sem muitos gracejos.

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08:39AM

Já no trabalho (desgostoso com a vida, numa escala de um a dez, DEZ!!!!) mais uma vez, meu celular toca. Eu estou trabalhando, palavra que, na minha concepção, é sinônimo de “MUITÍSSIMO OCUPADO”!

- Alôôôôôôôôôôôôô!!!!

- Bom dia, gostaria de falar com o Sr. Jony Marcos, por favor.

- Ele.

- Bom dia, Sr. Jony, meu nome é Vanessa (fictício, evidentemente...) e sou da Central de Relacionamento com o Cliente da loja (rede oculta, afinal, meus textos são bastante lidos [graças a Deus!] e nenhuma empresa do ramo logístico me paga para fazer propagandas aqui no RL, logo...) e estou ligando para informar que encontra-se uma pendência em seu nome de R$ X.XXX,XX (sim, acreditem, é muito dinheiro! ...) Estamos oferecendo algumas propostas para que o Sr. “ESTEJA QUITANDO” sua dívida com a empresa. Favor entrar em contato com o gerente Carlos Manoel (preciso dizer?) para maiores esclarecimentos. Agradecemos sua atenção, TENHA UM BOM DIA!

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Vamos fazer uma pausa. Veja bem, a criatura liga para meu celular (que eu imaginava quase ninguém saber o número...), arruina meu dia, lembrando-me de uma dívida ímpar (entenda-se “medonha”!), usa um pleonasmo, que ninguém mais suporta ouvir, e ainda, ao final de tudo, deseja-me um bom dia!

Respondam-me, sem medo. Onde você indica o local de desova do corpo ‘dessazinha’? Porque, eu já fiz planos para dar cabo da vida dela! (liguem para a polícia, estou psicótico! ...) Lembram-se da palavra paciência, que usei ao início do texto? Você ainda tem a sua por perto? Acho que esqueci a minha em casa, junto com minha dose cavalar de “suporte as tolices”, bem ao lado daquele outro, esqueci o nome, ah, “não grite com ninguém hoje”...

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10:47PM

Toca o celular, mais uma vez. Acho que nem estou mais de mau humor. Estou sem humor algum!

- Alô? (tentando ser mais gentil, para variar...)

- Alô, quem fala?

- Eu quem pergunto, você liga pro meu celular e pergunta quem está falando?

- Ué? Quero saber quem fala! Responde o interlocutor.

- Amigo, se você ligou pro meu celular e não sabe quem está falando, olhe o nome antes de ligar, da próxima vez!

Dito isso, desligo o maldito celular, desejando atirá-lo pela janela! Vê se eu posso com isso? O indivíduo me liga, e pergunta quem está falando? Ninguém mais tem modos ao telefone? Eu aprendi que quando você liga para alguém, você se identifica e diz o assunto sobre o qual deseja falar e a pessoa com a qual quer conversar, mas...

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11:08PM

- Alôôôô!

- Quem 'tá' falando?

- Quando você souber, me avisa!

Parece até engraçado, né? Mas, sempre que alguém me ligar, e antes de me cumprimentar, sair perguntando "quem está falando", vai ouvir sempre essa mesma frase! E, lembrando que paciência ao telefone não é meu forte, cuidado com o que diz, ao me ligar...

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13:30PM

Detalhe. É a hora de –hoje – eu ir almoçar. Sendo que, normalmente, eu sempre almoço às 11:30AM... você pode imaginar a diferença que duas horas com fome e estressado fazem ao seu corpo, e no seu dia? Imagina como isso estraga o humor de qualquer um?

Toca o telefone. Dessa vez, é o telefone do setor. Alguém chama meu nome (que já me causava enjoo, a essa altura...)

- Jony, ligação para você!

Bem, preciso atender a esse telefonema, porque não sei quem pode ser. Ps.: preciso ser mais polido, e demonstrar ter (será mesmo?) bons modos ao telefone...

- ... (digo o nome da empresa) Jony falando, boa tarde, em que posso ajudar?

A voz do outro lado é conhecida, para meu desespero. Nem na hora do almoço, você está imune!

- Jony, você já almoçou?

- Acaso alguém já desceu para almoçar?

- Não...

- Como eu poderia ter almoçado então?

Mais uma vez, silêncio...

- Vou te esperar para irmos juntos, ‘tá’?

- Espere-me na fila... não vou subir dois andares só para descer mais cinco, com você!

- Nossa! Grosso! Vou te esperar lá embaixo, então. Tchau!

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Era aí que eu queria chegar. Eu fui grosso, ou sou grosso? Você, que viu como é minha rotina, o que acha? Talvez, eu apenas não tenha paciência mesmo; talvez, eu seja mesmo, um grosso. Talvez, eu não importe-me com as opiniões (bem provável!). A questão é que, atender ao telefone, hoje em dia, é uma arte!

Pergunta: você é parente distante de Mozart, daVinci, Michelângelo, Monet, ou algum desses grandes nomes? Se não, você – assim como eu – NÃO É UM ARTISTA!

Se não é um artista, essa tão refinada arte de atender ao telefone, também não é uma de suas aptidões. (risos...)

jony marcos martins, 10/01/10

Jony Marcos Martins
Enviado por Jony Marcos Martins em 10/01/2010
Reeditado em 27/11/2019
Código do texto: T2021113
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