Perspicaz e Antônimo grito de libertação

Andando pelas ruas e sabendo de todo o mal que aflige a ignorância de quem não se dá ao luxo de torcer o braço, segue achando que o mundo é apenas o seu ego e seu centralizador poder de sedução. Penso logo e assim como o tal existo dentro de uma velha garrafa, vejo em cenas o pulso de quem já não bate em meu coração e o desespero de ter se tornado apenas mais uma na estante que agora está repleta de futilidade, baseada em questões sociais e econômicas que já não me agradam tanto, olho as fotos e vejo que ali em seu lugar está alguém que só vai me satisfazer momentaneamente e nessa escalada pela parceria ideal olho com outros olhos quem já me olhava com certo carinho há muito tempo, vejo a transformação das idéias apocalípticas sendo tomada por um tentador e culto desejo de sabedoria.

Já é possível a visualização do dia em que chego a um tumultuado e apertado apartamento repleto de imagens e braços múltiplos que se estendem nas taças de vinho e do desejo de enfim ter encontrado nos tapetes a sensibilidade do grande e generoso amor recíproco. Entre salas e cozinha é possível sentir o gosto e a sintonia, tudo que é tocado é majestosamente ironizado nas palavras de quem achava impossível acontecer, porém a vida, como o rato traiçoeiro que se esconde nos bares mudou tudo e o todo daquilo que já não passava de um sonho. Não é o Dolce & Gabana e sim o simples pano sobre sua cuca fresca e suas idéias a respeito da vida, seu olhar e seus olhos amendoados prontos para os novos e fiéis aos velhos, ao continente e suas torres, praças e vinhos, que sempre serão saboreados com o digno amor que você merece. Vem a nosso reino, mas seja feita só a vontade daqueles que merecem a vida e seus reais amores, dramaturgia é boa pra se ver e não viver, não viverá ao lado de uma atriz da vida, mas sim de uma nos palcos com saborosos lábios de interpretação. E como o Tango de Gardel deixará tudo o que passou apenas nas lembranças amargas daquilo que talvez fosse o correto de não se fazer, prezei pela minha realidade e racionalidade e assim deixei você ir e deixei vir também essa enorme e calorosa luz de divina mulher, aceitei o meu posto e achei o meu lugar. Sobre seu caminho ele dirá que sua “piscina está cheia de ratos”.

R Davoglio
Enviado por R Davoglio em 13/01/2010
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