De civilização e escolhas - teclando com alguém

De civilização e escolhas - teclando com alguém

"Nunca li Fucoult, mas intuia o Misha de fotos que vi.

Mas, embora rejeite prontamente algumas de suas teses - das quais fiquei sabendo por comentários à sua obra, você acabou despertando meu interesse em ler o que ele escreveu sobre as tais micro-teias de poder, porque inequivocamente elas existem, pois já ví burocratas com mais poder que secretários de estado, por exemplo ( e quando esses tipos gostam de agir nas sombras é um perigo, como aconteceu com minha categoria, dias atrás).

Concordo contigo sobre o ecletismo em certos assuntos - e a maioria dos grupos não aceitam os ecléticos. Outros até aceitam, com a hipocrisia escrita na testa.

Sobre o Presidente da África do Sul, o que observo é que mais e mais gente vai alegando multi-culturalismo para fugir dos compromissos de gente civilizada, mundo afora e, parece até um traço comum dos atuais líderes políticos nacionais e mundiais.

Na Bolívia, por exemplo, Morales patrocinou uma estapafurdia reforma constitucional que deu autonomia às províncias até para criar seus próprios sistemas judiciais segundo critérios "indigenistas".

Não é difícil prever o que virá daí: a introdução da pena de morte e execuções públicas, e introdução da velha e incaica pena do transplante de populações, que mais cedo ou mais tarde, será associada a práticas políticas racistas e, servirá desterrar pessoas e grupos de suas terras e posses e expulsá-las para outras regiões, exatamente como faziam os Incas, em seu tempo.

E isto diz respeito aos brasileiros que acreditaram no governo boliviano e foram promover a agricultura e alta produtividade na região de Santa Cruz de la Sierra.

Entretanto, o ódio à agricultura produtiva e vencedora - e aos agricultores efecientes (que aliás, sustentaram o equilíbrio da balança de pagamentos brasileira nas últimas três décadas, enquanto a industria patinava e não saia do chão), também está presente entre nós não é? O governo da província do Grão Pará e o Decreto Vannuchi que o digam.

Opa!, estou divagando aqui...

O caso é que é preciso fazer escolhas. No caso da civilização também. Civilização tem valores consagrados, requisitos, condições, e evidentemente, um custo. E, não, não é possível conciliá-la com certos costumes e padrões exóticos. Mas suas vantajens são inegáveis, inescedíveis...

Como bem sabemos, erigir um país civilizado é um trabalho suado de gerações. Para destruir uma sociedade civilizada, entretanto, basta um Stalin, um Hitler, um Chavez.

E, veja bem que esses tipo chegam com pinta de profetas, de líderes redentores, de pais dos pobres e epitetos assim, através do voto. Não lhes falta voto, nem apoio, aliás.

E a democracria, com todas as suas vantajens, corre esse risco, pois, volta e meia, golpistas e proto-ditadores se servem e a manipulam para chegar aos seus fins.

E é fácil reconhecer um golpista ou proto-ditador (que, não raro, se confudem na mesma pessoa, mesmo partido político), meu caro.

Na hora em que ouvir alguém se referir de uma suposta e "verdadeira constituição" que, para além da Constituição escrita, está com o povo, para em seguida invocar plebiscitos para subverter o texto da primeira (inclusive cláusulas pétreas!), então, não tenha dúvidas, está diante de um tipo ou organização perigosa que seria capaz de passar po cima dos mais comezinhos princípios de de respeito à lei e ao próximo, para impor seu projeto autoritário de governo, mesmo que para isso seja necessário medidas extremas, como a eliminação de pessoas como você e eu...

Essa tese de que a "verdadeira constituição" reside no povo, observo, é uma tese de um jurista alemão muito celebrado no meio acadêmico brasileiro. Não por acaso, o cabra era simpatizante do nacional socialismo!

Eu é que me preocupo muito com o que teclo a respeito de determinados assuntos às vezes. E foi o caso do tal presidente sul-africano. O tom do que escrevi foi bem forte. Mas, francamente, é o tipo de reação que certos comportamentos me inspiram.

E falando em comportamento, que espécie de inspiração pode provocar um Presidente que tenta justificar a participação pessoal em um crime de estupro?

Pensando no Brasil, a mesma coisa: que espécie de resultado se pode colher da atitude de um Presidente que defende ações ilegais e criminosas de amigos ou membros de seu governo?

...E a Síndrome do Emputecimento Progressivo se manifesta!

Aos verdadeiros amigos, muito se permite - e confia, né?

Agora, ao trabalho.

Bom dia!"