A tragédia do Haiti

Ontem (12) por volta das 16 h53 (19h53 em Brasília) a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, país caribenho, foi arrasada por um terremoto de grande proporção, 7 graus pela escala Richter seguido por outros dois tremores de magnitude menor, entre 5,5 e 5,9 graus. As pessoas relatam que na hora do terremoto parecia que a cidade era um pequeno barco em um mar agitado. Uma imensa nuvem de poeira cobriu toda a cidade, com muitos gritos de socorros e sirenes ligadas, e bombeiros e todo tipo de ambulância chegando e saindo. Autoridades calculam que há mais de 100 mil mortos sob os escombros. As equipes de socorros com cachorros farejadores também estão procurando pessoas ainda vivas soterradas. As cenas são horripilantes; há muitos ensanguentados.

Entre os milhares de vitimais fatais até o momento, 15 brasileiros, sendo 14 militares e 01 civil, a missionária Zilda Arns de 75 anos, médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, órgão de Ação Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que estava no país para fazer palestras. Zilda Arns era reconhecida internacionalmente por seu trabalho em prol da criança carente, gestantes desamparadas e idosos, e foi indicada três vezes para o prêmio Nobel da Paz. Deixa um legado para a humanidade, um exemplo a ser seguido.

O Haiti é um pequeno país equivalente ao Estado do Alagoas, ex-colônia da França, com cerca de 9 milhões de habitantes, se localiza na ilha hispaniola no mar do Caribe, faz divisa com a República Dominicana. É o país mais pobre do ocidente e um dos mais pobres do mundo. Quase metade da população é analfabeta e mais de 80% vive abaixo do limiar da pobreza com acesso a menos de dois dólares por dia. O país sobrevive de uma agricultura atrasada; falta mão de obra qualificada e muitos vivem da informalidade. Algumas pessoas para não morrerem de fome se alimentam de bolinhos de terra.

A crise política e social começou em 2003, quando surgiu um movimento de partidos políticos de oposição ao Governo, organizações civis e do setor privado que aclamava pela renúncia do Presidente Aristide, e que o acusava de corrupção e abusos. Aristide não resistiu à pressão e renunciou, exilou em outro país. Mesmo com um Governo de coalizão o Haiti não superou a crise, que só aumentou. O país deixou de produzir e exportar, e com a população mais pobre, veio a instabilidade política e social; aumentaram a criminalidade, os saques ao comércio bem como o vandalismo. E o Exército e a Polícia local perderam o controle.

Com tantos problemas sociais e a inviabilização de seu Governo, a ONU (Organização das Nações Unidas), interveio no País. E desde 2004 que a Força da Paz das Nações Unidas, lideradas pelo Brasil está no País com o objetivo de promover a paz e reconstruir prédios públicos, estradas, pontes, etc. Há 7 mil soldados da Força da Paz, e o Brasil mantém 1260 soldados do Exército e da Marinha. Há ainda a Cruz Vermelha, que dá assistência aos desabrigados.

O povo haitiano além de sofrer com a corrupção de seus políticos e com a pobreza, sofre com as catástrofes da natureza. Em 2008 o país foi arrasado pelo furacão Gustav e pela tempestade Hanna. Antes já havia sido atingido pela tempestade Fay. Agora esse terremoto arrasador, com um prejuízo incalculável, com o desmoronamento de prédios públicos, escolas, hospitais e casas, e com milhares de perdas humanas e milhões de feridos e desabrigados. E o país não tem condição de se reerguer sozinho!

Mas os terremotos assim como outras catástrofes da natureza não ocorrem por acaso. O Haiti parece ser mesmo um país desventurado, pois além de conter muitos morros, terreno impróprio para a agricultura, está localizado no encontro de duas placas tectônicas, ou seja, a do caribe e a norte-americana. Por isso esses abalos já são previstos por sismólogos, pois as placas sempre se chocam. O epicentro desse terremoto arrasador aconteceu a 10 km de profundidade e distante 16 km de Porto Príncipe, cidade com cerca de 1 milhão de habitantes. E agora o Haiti, mais do que nunca precisa da ajuda internacional para a sua reconstrução e socorrer uma população carente por comida e roupas.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 13/01/2010
Reeditado em 12/02/2010
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