É verão

Dez horas da manhã. Você acorda assustado, com a impressão de ter dormido em uma úmida esponja. O que aconteceu? Retrocedestes à época que usava fraldas? Posteriormente, supreende-se por não ter se desidratado após tanto suor. Exageros a parte, não há nada de errado contigo, trata-se apenas de um prelúdio à chegada da época mais esperada do ano: o verão.

Verão é sinônimo - e quase homônimo- de praia.

Então, vamos a praia! Apenas não esqueçam os isopores, as cadeiras, as bóias, as dez caixas de cerveja e a churrasqueira.

O homem passa a tarde inteira correndo atrás do guarda-sol que teima em não fixar-se na areia. O filho, exímio jogador de futevolei, acerta um bolada em todos que se atrevem a cruzar sua frente. Seu irmão, garoto esperto e orgulho do pai, observa aquela famosa atriz fazendo graça com seu namorado, um pouco mais ao fundo da água, para o deleite dos paparazzi.

A caçulinha obriga o cunhado a deitar-se na areia para ser enterrado. Este, coitado, na vã tentativa de ser simpático com a família da namorada, aceita de bom grado. Resultado: passa todo o tempo com areia até o pescoço. Enquanto isso, sua namorada curte um belo passeio na cestinha do helicóptero salva-vidas do corpo de bombeiros. Como uma estrela, é recebida com palmas pelos banhistas ao ser colocada em terra. Ato contínuo, o simpático soterrado ainda assiste àquele sarado salva-vidas aplicar uma demorada respiração boca a boca em sua garota. Isso que é diversão!

Então, ao fim da tarde, todos, devidamente roxos, enfurnam-se naquele carro que passara todo o tempo debaixo daquele escaldante sol, e preparam-se para padecer naquele belo engarrafamento pós praia.

Mas é preciso lembrar que o verão também chega nas cidades distantes do litoral. Neste caso, a confraternização ocorre na piscina dos fundos de casa.

Sempre há aquela tia que não sabe nadar, e, por mais que a piscina não ultrapasse as 1,50 m de profundidade, esta prefere apenas um banho de chuveiro, quiçá sentar à borda da piscina. Assim, assiste inerte à tentativa de um primo afogar o outro.

Há o tradicional volêi, que sempre termina com uma bolada no nariz de alguém. Ao final do dia, todos estão tomados por aquele alto grau de ebriedade, e sempre há quem roube a cena. Aquele parente mais gordinho que resolve jogar metade da água da piscina para fora, em um belíssimo mergulho, ou frustra as criancinhas ao furar aquela bóia em forma de baleia, numa cômica e embaraçosa tentativa de boiar.

Isso sem mencionar a espevitada vizinha, convidada mais por educação do que por qualquer outra coisa , com seu corpo esculpido por horas a frente da tv, resolve alegrar os presentes com um "atrativo" strip-tease. Ô!

Tudo termina com aquela trdicional discussão entre dois ou mais bebuns, isso quando não se chega às vias de fato.

No dia seguinte, cabe-lhe a tarefa de retirar as bjouterias perdidas e os talheres do fundo da piscina, bem como esvaziá-la, salvo se não incomodar-se em nadar numa mistura de cloro, cerveja, gordura de churrasco e urina, diga-se, não feito apenas pelas crianças.

Assim é o verão. Época de confraternização, de corpo dolorido pelo excesso de malhação, pela alegria e pelo saldo vermelho em banco.

Não importa se você mora perto ou longe da praia, se mergulhará em uma bela cachoeira ou naquela piscina de plástico. A diversão será mesma , e as excentricidades, garanto, também.

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