O pecado mortal da prepotência
"A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido ... Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá fodido.” Essas foram as graciosas palavras de George Samuel Antoine, nada mais, nada menos que o cônsul geral do Haiti, face ao inimaginável terror que se abateu sobre o país. Filhodaputa!
Como pode - alguém me diga como, por favor - uma pessoa ser tão fria, má, sem-vergonha e preconceituosa ao mesmo tempo? E como essa mesma pessoa pode representar um país? Como? Alguém pode me dizer como? Pior, bem pior: deve haver milhares – milhões, quem sabe - de cristãos dando razão a ele, ao menos no que tange a classificar o imenso flagelo de castigo divino pela prática de rituais religiosos de origem africana. Irão para o inferno todos os que pensam assim, mas até lá, quanto estrago mais farão contra a humanidade?
Por que o cristianismo, que nasceu sob a égide do amor, tem seguidores tão duros, injustos, essencialmente pecadores e destituídos de qualquer resquício da verdadeira solidariedade? Por que grande parte de suas hierarquias faz questão de ratificar esse modo de ser? Por que tantos cristãos se julgam tão especiais a ponto de se dizerem escolhidos e de pregar a existência de um deus sanguinário, vingativo, excludente, medíocre e egoísta até a medula?
Será que a humanidade terá que chegar ao mais profundo abismo da intolerância para aprender que Deus é muito maior do que a pequenez das religiões? Quando será que o europeísmo deixará de ser imposto a ferro e fogo, às custas do genocídio étnico e cultural, como sempre fez? Quando será que a humanidade entenderá que precisa voltar-se de verdade à Mãe Terra para ser salva, como pregam e vivem as religiões primitivas? Quando chegará o dia em que os loucos que se julgam superiores serão condenados por todos?
A Dra. Zilda Arns era cristã e morreu missionária. Em sua vida salvou milhões de vidas. Duvido que se professasse outra religião ou mesmo se fosse atéia não faria exatamente o mesmo trabalho missionário. Aposto que sim, porque sua verdadeira religião era outra: chamava-se amor.