Permito-me ser feliz

O mundo hoje é tomado por novidades tecnológicas que surgem a cada minuto, insinuando facilitar a nossa vida e nos dar soluções para problemas do cotidiano.

A humanidade existe há milhares de anos e sempre existiu pessoas felizes e infelizes, crentes e descrentes, espiritualizadas e materialistas. E sobreviveu sem os atuais avanços tecnológicos, que coloca no mercado tudo que se pode comprar. Às vezes, penso que não há mais nada a ser inventado ou desenvolvido, mas logo surgem mais e mais novidades. No entanto, tantos estudiosos e cientistas não desvendam a fórmula mágica que se encontra escondida dentro de cada ser desde os primórdios: a receita de uma vida feliz. Ao contrário, a modernidade está fazendo com que nossos olhos se voltem apenas para fora, para o que se pode comprar, para o que está sendo lançado, para o que é moda, o que é novidade. E vamos, cada vez mais, nos envolvendo e nos perdendo nesse mundo de ilusões, pensando estar em busca de “coisas” que nos fazem felizes. No entanto, a felicidade está muito aquém das grandes descobertas e muito mais perto do que imaginamos. Basta que tenhamos olhos para ver e coração para sentir. Basta que queiramos, de verdade, viver bem e com alegria. A ferramenta de que mais precisamos para isto é a humildade. Se jogarmos o orgulho no lixo e abrir nosso coração para o bem, veremos que complicamos demais, exigimos demais dos outros e de nós mesmos, amamo-nos muito pouco e menos ainda o próximo.

A partir dessa constatação, instalada a humildade dentro de nosso coração, podemos partir para outras etapas e ações que nos ajudam a viver melhor e ser feliz.

Reclamar é fácil. Fórmulas e teorias de felicidade existem em inúmeros livros. Mas buscar transformar-se é um processo íntimo, pessoal e individual que requer atenção, dedicação, cuidado, vigília e atitudes. Muitas vezes, precisamos desconstruir valores e crenças e reconstruí-los sob uma nova ótica: a de buscar ser melhor a cada dia. Não é tarefa fácil olharmos dentro de nós e admitir nossos erros, nossos conflitos, e aceitar a jornada de mudar a direção. Estamos demasiadamente acostumados com práticas, pensamentos e valores tão arraigados que é melhor deixar como está e tocar a vida. Colocamos, então, a culpa de nossa insatisfação no outro, no trabalho, no tempo escasso, nos aborrecimentos diários, na falta de alguma conquista, na não-realização de nossos sonhos. Porque não olhamos para dentro, porque é doloroso mexer com nossas emoções e limpar o lodo que nos impede de ver as verdades ali escondidas. Buscamos, então, no outro, a felicidade e nele depositamos a culpa de nossa infelicidade.

É possível chegarmos à perfeição? Talvez sim, alguns mestres nos mostram que isto é possível. Mas talvez, mesmo sem chegarmos à perfeição, conquistamos um estado maior de felicidade, bem-estar e paz que nos é suficiente para sermos seres humanos melhores e intimamente satisfeitos com a nossa vida.

De tragédias, acidentes e fatalidades, na grande maioria das vezes não podemos nos defender ou fugir. Mas da infelicidade, sim. Frustrações, decepções, dificuldades e obstáculos existem na vida de todos. Mas podemos superá-los. Se quisermos. Se tivermos o propósito de sermos felizes.

Eis alguns passos que utilizo para buscar ser melhor a cada dia:

-Perdoar – não é fácil, mas é essencial para livrar nosso coração da ira, nosso peito da angústia, nossa mente de pensamentos vis. A ira corrói a alma e causa doenças;

-Perdoar-se – é tão importante para nossa cura interna quanto o perdoar. Precisamos admitir que erramos, aprender com nossos erros e nos perdoar, para não cairmos novamente em erros e para nos sentirmos livres para amar;

-Pedir perdão – quantas vezes temos a consciência de que agimos mal e nosso orgulho nos impede de pedir perdão?

-Agradecer – é um gesto tão simples e tão pouco usado. Temos tanto a agradecer e esquecemos de fazê-lo ou deixamos de fazê-lo. Temos que ser gratos ao sol, à chuva, aos pássaros, a Deus, aos amigos, aos familiares, aos nossos ajudantes, e até mesmo aos erros e impropérios da vida, que nos fazem crescer;

-Saber usar a palavra crítica em prol de melhorar e não destruir;

-Viver bem o hoje, o agora. Cada minuto que temos é um milagre e é o único que verdadeiramente possuímos. Precisamos vivê-lo bem;

-Nos moldar a cada dia no intuito de ser melhor dia após dia;

-Excluir idéias rígidas, estar disposto a mudar. Isto dói porque nos julgamos prontos e maduros;

-Aceitar nossos defeitos, analisá-los, ouvir o que o outro pensa a respeito de nós. Também é doloroso. Mas não custa analisar e avaliar que nossos defeitos podem ser transformados, erradicados e substituídos por virtudes;

-Amar-se como é, ajudar-se no trabalho de construção de um ser humano melhor, respeitando nosso tempo e nossas limitações;

-Amar o próximo, respeitando as diferenças, buscar ajudá-lo e saber respeitar as limitações dos outros sem julgá-los. Muitas vezes julgamos pelas aparências, por um comentário, por um gesto. Quantas vezes traçamos um perfil pessimista de uma pessoa sem ao menos ter dado a oportunidade de conhecer sua história, seus motivos, seu momento?

-Ser honesto consigo mesmo e verdadeiro com os outros;

-Ser bom, sem ser bombom. Costumo dizer que o homem tem que ser bom. Bombom os outros comem. Precisamos saber dizer “não” quando for necessário, não podemos sacrificar muitos em benefício de um; não podemos sobrecarregar um para deleite de outros. È como diz o ditado, podemos endurecer, mas sem perder a ternura jamais;

-Eliminar a crença de que a felicidade está no dinheiro. É claro que precisamos de algum dinheiro para nossa subsistência. Mas somos seres vaidosos, queremos sempre mais. Conquistamos algo e aquilo já não é mais importante, queremos mais e mais. Li uma frase interessante: “Algumas pessoas são tão pobres que acham que por possuírem milhões de dólares, podem possuir qualquer coisa”. Quantas pessoas têm tão pouco e são tão felizes!

-Saber tirar lições de experiências próprias ou de outros. Como temos o que aprender!!!! Com os mais velhos, com os mais novos, com o simples, com os sábios, com aqueles que julgamos simplórios e são grandes sábios. Basta que tenhamos olhos e corações abertos;

-Sorrir para a vida, para o próximo, desejar o bem. A inveja é um mal que se não soubermos combatê-lo, seremos escravos dele, sempre fazendo comparações e desejando o que outros conquistaram. Temos que ser amorosos o bastante para nos alegrarmos com as conquistas alheias;

-Abraçar os amigos, os pais, os filhos. Nosso coração é um poço de amor e o que é bom é para ser dividido com quem a gente gosta. Quando abraçamos, nosso coração entra em contato direto com o outro coração e essa troca de energia faz um bem enorme para todos;

-Não criar problemas de obstáculos cotidianos. São simples aborrecimentos que, se alimentamos, causam angústia, raiva, doenças. Pequenos ventos que transformamos em grandes furacões, dando peso demasiado grande ao que não merece e nos enfraquece;

-Ser justo e ético. Esta é a responsabilidade de cada indivíduo por todos os outros. Assim, criamos condições para um mundo mais feliz;

-Trabalhar, ser útil. Toda atividade humana é potencialmente valiosa e nobre. Qualquer trabalho motivado pelo desejo de contribuir para o bem-estar dos outros será sempre um benefício para si e para toda a comunidade.

Minha intenção é mostrar que as pessoas, mantendo sua vida costumeira de todos os dias, podem mudar, tornando-se melhores, mais compassivas e mais felizes. E assim começar a implementar nossa revolução espiritual. A paz do mundo, que tanto queremos, depende da paz no coração das pessoas. O que, por sua vez, depende de todos nós praticarmos a ética, disciplinando nossas reações aos pensamentos e emoções negativos e desenvolvendo qualidades espirituais fundamentais. E se você o fizer com sinceridade e persistência, pouco a pouco, será capaz de reordenar seus hábitos e atitudes e pensar menos em seu pequeno mundo de interesses e mais nos interesses de todas as outras pessoas. E encontrará paz e felicidade para si mesmo.

Eu sou feliz!!! Graças a Deus e a meus esforços! Porque eu escolhi ser feliz!

Rosimere Ferreira
Enviado por Rosimere Ferreira em 28/07/2006
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