No Terceiro Andar
Aqui, do terceiro andar, observando as copas reluzentes das árvores com a fina chuva que cai, meus pensamentos se perdem no asfalto e no concreto e chegam até você aí, no vigésimo-sexto andar, mais perto do céu e, não sei, se mais longe do comportamento insano das pessoas da cidade.
Seus olhos ainda estão fechados e sua consciência ainda não despertou para o dia. E sabendo-o assim, retorno a um passado próximo, no quarto andar, mais longe da aglomeração humana.
- Fique assim, não se mexa!
Foi o que ouvi como uma melodia ao me ajeitar ao seu lado numa manhã de sol. Você me abraçou, ajeitou sua cabeça em meu ombro e enlaçou suas pernas nas minhas.
E, embora numa posição um pouco incômoda, conclamei o deus Hipnos e fiquei imóvel para embalar seu sono. Sentia sua respiração pesada, seu cheiro tão bom, sua tez macia.
Fazia um passeio imaginário pelos nossos corpos abraçados, como a perceber todos os pontos onde eles se tocavam.
Uma lágrima escorre pela minha face quanto retorno ao meu terceiro andar. Saudade...
(PRATA)