No Terceiro Andar

Aqui, do terceiro andar, observando as copas reluzentes das árvores com a fina chuva que cai, meus pensamentos se perdem no asfalto e no concreto e chegam até você aí, no vigésimo-sexto andar, mais perto do céu e, não sei, se mais longe do comportamento insano das pessoas da cidade.

Seus olhos ainda estão fechados e sua consciência ainda não despertou para o dia. E sabendo-o assim, retorno a um passado próximo, no quarto andar, mais longe da aglomeração humana.

- Fique assim, não se mexa!

Foi o que ouvi como uma melodia ao me ajeitar ao seu lado numa manhã de sol. Você me abraçou, ajeitou sua cabeça em meu ombro e enlaçou suas pernas nas minhas.

E, embora numa posição um pouco incômoda, conclamei o deus Hipnos e fiquei imóvel para embalar seu sono. Sentia sua respiração pesada, seu cheiro tão bom, sua tez macia.

Fazia um passeio imaginário pelos nossos corpos abraçados, como a perceber todos os pontos onde eles se tocavam.

Uma lágrima escorre pela minha face quanto retorno ao meu terceiro andar. Saudade...

(PRATA)

Cris Marco
Enviado por Cris Marco em 29/07/2006
Reeditado em 18/06/2007
Código do texto: T204431
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