Sobre a arte de engavetar

Gavetas. Põe-se de tudo neste lugar. Fácil de guardar, pode até acumular! Engavetamos papéis e mais papéis, suvenires, quinquilharias e outras bugigangas. Um sem fim de coisas, muitas vãs. Quiçá nunca precisarás. Mas, por se acaso, melhor guardar. Isto e aquilo. Igual coração de mãe, sempre cabe mais um. Venha e, lá estamos a engavetar coisinhas, lembrançinhas e outros diminutivos que não merecem mencionar. Desta arte creio que todos irão provar. Tudo isto para quê? Para que num belo dia de faxina ou de pura revolta (leitor: o belo é maneira de dizer). Ponhamos tudo para fora. Haja lixeira! Coisas que nem a mão esquerda sabia. Existem tranqueiras que custam sair. Jogo ou não jogo: Eis a questão. O bom dessa brincadeira – esvaziar gaveta/encher sarjetas, é que no vai-e-vem de coisas, sempre encontras: fotografias, carta de amigos, aquele livro, sentimentos perdidos, aquele pedido; tudo faz sentido. Há gavetas que adoramos abrir; outras só em alguns momentos; além daquelas que nem sabemos onde a chave está. Estas, em geral, nem fazemos questão de abrir. Quantas gavetas tu tens? Estão cheias? Ou és do tipo que guarda pouca coisa? Seja como for suas gavetas, só não te encerres. Pois, vai que numa noite de incompreensão, acordes na lixeira.

Edvanio Pinheiro
Enviado por Edvanio Pinheiro em 26/01/2010
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T2052437
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