Coisas da (pós-) modernidade

Você tomaria remédios se soubesse que poderia ficar mais inteligente? Pois já existe um grande número pessoas tomando remédios tarja preta para aumentar a concentração e a produtividade, seja no ambiente de trabalho, seja entre estudantes. Essa tendência já recebeu até apelido: neurocosmética.

Bem, ainda segundo uma matéria da revista Época, os remédios não vão deixar ninguém mais inteligente, pelo menos por enquanto. No máximo aumentam a concentração, estimulam a fluência verbal (oral e escrita) e aumentam a disposição, o que seriam aspectos positivos. Ou seja, vai potencializar as habilidades de quem já as possui. Daí surgem as questões éticas: não seria equivalente ao dopping nos esportes? Por outro lado – e nisso a matéria ficou devendo – qualquer droga causa efeitos colaterais, o que deve ser levado em conta no custo x benefício do seu uso.

Uma última informação relevante da matéria: no futuro pode se tornar corriqueiro o uso de tais remédios.

Algumas coisinhas me passaram pela cabeça ao fim da leitura:

1. Fiquei imaginando as pessoas discutindo neurocosmética num futuro-não-tão-distante;

- Minina, tenho uma apresentação amanhã de um novo produto e ainda não decidi se eu tomo o remédio X ou Y.

- Toma o Y, amiga! Tô te falando, foi ele que me salvou na apresentação da monografia na semana passada!

2. Essa vida moderna (ou pós-moderna, depende do seu ponto de vista) com seus excessos de tudo, principalmente informação e consumismo, exige a criação de um superhomem, que não necessariamente é melhor ou mais inteligente que o homem das cavernas, mas é, pelo menos, mais cheio de habilidades e potencializadores dessas habilidades. Nossa memória, por exemplo, não está mais somente no nosso cérebro, está diluída entre computadores, celulares, agendas eletrônicas, orkut (me salva de esquecer as datas de aniversário), entre outros.

3. Duas perguntinhas: até que ponto isso contribui para sermos mais felizes ou realizados? Somos melhores em que sentido com todos esses aparatos (pós-) modernos?

4. Isso me lembra a crônica Exigências da vida moderna, do Luís Fernando Veríssimo.