Delego-me poder

Delego-me o poder absoluto sobre o sentido de minha vida.Quero viver os momentos de minha existência sem mais nem porquês, precisos. Não quero importar-me se eu for equivocada em muitas das minhas maneiras de ver, de avaliar, de viver a minha vida.

Creio que me peguei assim hoje, meio que predisposta a mudanças interiores e com a devida complexidade que torna-se visivelmente incompreendida por muitas pessoas, uma mudança também exterior.

Não quero nem saber do brilho no meu olhar que outrora era persistente, audacioso, viciante e contaminador.Se hoje ele se mostra opaco, sem brilho e sem a vivacidade de antes, quero poder exercer o meu poder próprio de ter que fingir um reflexo que não existe de fato. Cansei-me de ocultar-me, distanciar-me de minha própria e verdadeira imagem nos incontáveis momentos que vivo como uma sombra fantasmagórica e pobre de realidade.

Não sei mais se quero me controlar tanto sobre tudo de mim, para os outros, que na maioria das vezes nem sabem nada sobre o meu eu. Nem sei ao certo se isso se intitularia como rebeldia, revolta ou mesmo crise existencial, apenas sei que me fere a alma, que me tira a razão e que me coloca sem pasciênca para encarar tudo isso com naturalidade.

Não é tristeza o que sinto, nem alegria ao certo, talvez uma antipatia por tantos valores impregnados de uma falsa moralidade absurda, massacrante e castradora. Delego-me o poder de não me importar com coisas que não tem a maior importância para mim.

Muitas vezes nos sentimos decepcionados por alguma situação, ou pessoa, ou ainda por ambos, e com isso muitas vezes acontece em nossa vida grandes vazios. Guardamos sentimentos velhos também, sentimentos que já não nos dizem respeito, mas que, por pura birra, cismamos em cultivar. Lembranças de dores passadas, mágoas, desconfianças, rancor.

Mas eu quero esquecer tudo isso e quero apenas não sentir nada...absolutamente nada...

Delego-me o poder de ter poder sobre o que quero sentir, revelar aos outros, mostrar ou ocultar, o poder de ser somente SER sem ter que explicar as atitudes tomadas por meu Ser, essencialmente meu...