INSENSÍVEL

Uma onda de tristeza e dor invadiu minha alma ao passar por aquela pista. Uma vontade de gritar e tentar fazer algo e...nada poder fazer. Nessas horas a gente tem vontade de ser um super-herói e com um simples gesto evitar o que esta por vir. Mas, qual o quê, temos que nos recolher a nossa condição de um ser limitado e que não consegue mudar os caminhos do destino, quando a maldade tomou conta. Um grito seguido de um grunhido de dor e o silêncio. Foi fatal! O corpo de um pobre animal lá estava sendo “pisoteado” pelos carros. Virou uma massa vermelha de sangue e entranhas sem vida...inerte! Ficou à mercê do poder humano de construir máquinas e pilotá-las velozmente em direção ao “progresso”.

Ingênuo e perdido, o pobre cão talvez procurasse seu dono. Não tinha noção de seu abandono e nem do perigo que se avizinhava. Seu insensível amigo o havia abandonado, mas ele ainda o procurava. Talvez por instinto ou por amor, aquele cãozinho ainda queria rever sua gente, seus amigos humanos. Quem sabe cheirá-los, brincar de bola no gramado, dar saltos de alegria...rasgar papéis. No entanto, agora não passa de uma simples mancha no asfalto. Seus ossos foram moídos pelas rodas ferozes dos carros, seu sangue tingiu a rodovia, sua carne apodreceu, seus sentimentos....cães tem sentimentos?

Não sou especialista, mas garanto que tem. Bem ao contrário de alguns seres humanos que, sem dó abandonam seus cães nas rodovias. Seres que, além de demonstrarem desumanidade com os animais, ainda colocam em risco a vida de outros seres humanos. Um atropelamento tal qual presenciei, poderia ter gerado grave acidente, colocando em risco a vida de muitas pessoas. Neste caso apenas um amigo animal desconhecido morreu. Espero, sinceramente, que exista um lugar no céu para todos os cães, gatos e outros bichos que nos deixam...que morrem. Quero um dia poder rever todos os meus gatos da infância, os cães que eu não me lembro mais os nomes, a minha querida “Lady”, o “Melk”, o “Pet” e outros tantos amigos peludos que amei, dei guarida e que também, tenho certeza, nutriram muito amor por mim. Tomara que mais que sentimentos, os animais tenham alma!

Com essa crônica registro minhas orações ao Pai Todo Poderoso para que dê alento ao jovem cão atropelado e, dessa forma, aquiete também minha alma devolvendo a paz por saber que também ele estará ao lado do Pai e de todos nossos entes-querido que se foram. Aos filhos do Pai Santo, também meus irmãos, peço que dêem uma chance para vida! Cuidem de seus animais de estimação e se tornem super-heróis cheios de poder para mudar os trágicos destinos de centenas de animais abandonados ou em situação de abandono. Una-se às pessoas de bem, que dedicam suas vidas à vida!

Donizete Romon

Jornalista e Escritor

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