A cegueira

Perder-se, cambalear, andar no labirinto sem esquerda nem direita.

Vozes do além-terra, sol que arde sem luz, eterna noite... Sem estrelas.

Pegar a flor sem cor, o negro que desfaz o branco.

Desconhece a cara feia, As raças humanas, as cores da bandeira nacional, a cor do seu sangue, a expressão do medo e de contentamento.

A chuva, o mar e o rio são indiferentes.

Pessoas com cheiro, voz e sem rosto.

Lugares guardados por nomes, imagens jamais.

Viver é estar dormindo num pesadelo sem fim.

Nascer no escuro é ocultar-se do seu corpo, do que lhe arrepia, do mar de gente, da vista ao horizonte.

É estar preso no medo por estar disperso.

E livre pra sentir a dor

De não poder ver sequer a chave do clarão.

Daniel Pinheiro Lima Couto.

06/03/2006