Jacatirões

Esta crônica é dedicada a Luiz Carlos Amorim

Nos recentes dias do calorão, subi a Serra Dona Francisca - Joinville (SC) - em diferentes dias, coincidentemente na mesma hora e, todas as vezes, a combinação do ângulo da luz e do céu exageradamente azul me davam um “bem-vindo” inesquecível. Um “bem-vindo” que variava do branco ofuscante ao lilás pomposo, perfazendo o caminho com todas variações possíveis. Eram os jacatirões emoldurando a estrada com a ousadia da juventude e a dignidade da maturidade reunidas nas mesmas árvores.

Clima alguns graus mais ameno e o convite irresistível: o compromisso pode esperar um pouco, o espetáculo, não, e o pé ficava mais gentil com o acelerador. Mais beleza: neste ano as bromélias também resolveram mostrar suas fantasias com ousadia.

O jacatirão é uma espécie de João Batista da natureza: vive, no máximo, 20 anos e faz parte da vegetação do estágio médio de regeneração da floresta, preparando o ambiente para as árvores de crescimento lento e vida muito longa. Quando tudo está pronto, ele morre e essas tomam seu lugar. Uma chegada precedida por flores.

Agora veio a chuva e veio o vento e muitas flores o acompanharam, imitando borboletas desenfreadas, mas outras já se mostram, de outra forma, em diferentes buquês, afinal, sua missão não depende do reconhecimento, mas da vida. E ainda dão as boas vindas a quem sobe a Serra.