A difícil arte de criar um texto

Quando alguém escreve um romance ou um conto, pode ser passível de plagiar outra história sem que tenha essa intenção, ou quem o faz, sabe o que está fazendo? Fiquei com essa dúvida depois de ter lido uma matéria que anuncia que J.K. Rowling, autora da série Harry Potter, está sendo processada por plágio. Segundo a notícia, a autora teria se inspirado a partir do livro “Willy the wizard”. Rowling se defende dizendo que sequer sabia da existência de tal livro. Será?

Existe a possibilidade de ter sido apenas uma coincidência, afinal são tantas histórias e sabemos que os escritores se usam de memória literária e criatividade para comporem as suas. As histórias são sempre recontadas, reconstruídas, pois os sentimentos e anseios humanos são sempre os mesmos desde o início dos tempos. Um exemplo disso são, por exemplo, os romances de “Tristão e Isolda” e “Romeu e Julieta”, em ambos, o amor é impossível. No entanto, apesar de o tema ser o mesmo, as histórias são bastante diferenciadas, ou seja, são contadas de maneiras bem distintas.

Outro dia pensando a respeito da criação de romance e conto, estava justamente refletindo sobre a dificuldade de se inventar e contar uma boa história. Da sensibilidade que é necessária empregar, de uma boa ideia e principalmente de saber contá-la. Uma mesma história pode ser contada de várias formas, o que irá torná-la interessante é como será contada, já dizia meu professor de Literatura. Sempre me lembro disso quando vejo as pessoas contando piadas, às vezes uma troca de palavras, uma vírgula, uma pausa, é suficiente para deixá-la engraçada ou acabar com a graça dela.

Descobri que é por isso que escrevo mais crônicas do que contos. Para o conto não basta ter um assunto, uma ideia, é preciso ter história, ou estória, como alguns gostam de nomear. E principalmente, saber contá-la, conseguir expressá-la de tal forma que conduza o leitor a vivenciá-la com sentimentos, sejam bons ou ruins. Que o faça sonhar, que viaje junto com o personagem, que o faça amar, que o faça odiar ou mesmo repulsar. Despertar e aguçar sentimentos é justamente o papel da Literatura, e isso não é tão fácil de se conseguir, a não ser aos grandes mestres como Shakespeare, Machado de Assis e tantos outros.

Eu tento, mas tenho noção de minhas limitações, ainda assim continuarei tentando. Porque se algum dia conseguir escrever um bom conto, poderei ser incluída na Literatura, e significa que ficarei para a eternidade. Prepotência a minha? Sim, mas enquanto puder sonhar, terei motivos para insistir em escrever, do contrário, teria que me resumir a escrever crônicas para sempre. E só.

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