SOL DA MEIA NOITE

Silenciosa e calmamente me encaminhara para o banheiro com tudo preparado com esmero para um delicioso banho: sabonete cremes de perfume delicado, shampoo e condicionador previamente escolhidos. Tudo perfeito, entrei, abri o chuveiro e testei, com a mão, a temperatura da água que caia semelhante a uma cascata. Já sentindo a suavidade da espuma do sabonete em meu corpo, estranhamente uma luz forte ilumina todo a banheiro, como se o sol entrasse com toda sua larva incandescente. Assustada desliguei o chuveiro, peguei a toalha, me envolvi nela e sai apressadamente do box. Mal podia abrir os olhos,a luz me ofuscava. Senti então como se alguém me envolvesse ternamente nos braços, em uma carícia voluptuosa , característica do meu marido, morto já há dez anos. Um frêmito me percorreu todo o corpo, o clarão foi diminuindo lentamente, até desaparecer por completo. Em vez de calor, comecei a sentir frio, que como gelo envolvia todo a meu corpo e, movendo-me com dificuldade, abri novamente o chuveiro, cuja água quente me trouxe novamente a calor da vida.

Acordei assustada, encharcada de suor. Era meia noite , chovia muito la fora e as raios clareavam todo o quarto com suas frequentes descargas. Levantei-me, troquei a roupa molhada, voltei para cama e dormi tranquilamente.

Lucilia Cavalcanti
Enviado por Lucilia Cavalcanti em 19/02/2010
Código do texto: T2095509
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.