Livro de importância hitórica

Compareci à noite de autógrafos do livro O Último Secretário (2002) no Museu da República. O livro narra a luta de Salomão Malina, um dos mais destacados membros do Partido Comunista Brasileiro desde o início dos anos 40; participou da FEB destacando-se nos campos da Itália, sendo condecorado com as Medalhas de Campanha e de Guerra por bravura nos campos de batalha; foi ainda condecorado com a Cruz de Combate de primeira Classe. Eu não o conhecia pessoalmente, e ali estava ele sentado na maior simplicidade agradecendo de maneira sóbria, aos que o foram cumprimentar; não podia assinar de próprio punho em virtude de lhe faltarem os dedos da mão direita, utilizando-se de um carimbo para o oferecimento. Trabalhou no Jornal Imprensa Popular, que foi invadido pela polícia em 1948; os jovens daquela época, viam na Imprensa popular, o símbolo da resistência à desigualdade das classes, que privilegiava alguns, esquecendo-se o governo da grande massa de população carente. Líamos seus artigos na Imprensa inúmeras vezes e discutíamos as reportagens com grande entusiasmo e pequeno conhecimento; 2 ou 3 anos depois, comentávamos os aspectos políticos no CACO, órgão dos estudantes da Faculdade Nacional de Direito, onde freqüentemente filava o almoço. No prefácio, Élio Gaspari conta a viagem que Malina faria à União Soviética em 1989, e pretendendo passar antes em Nova Iorque, respondeu ao Consulado Americano no Rio de Janeiro, que sua viagem à América seria de turismo e para manter contatos com os comunistas americanos; surpreendentemente, concederam-lhe o visto. Meu ponto de vista é de que os americanos se interessaram que ele fosse, para que pudessem monitorá-lo e descobrir os membros do partido comunista americano. Lógico, pura suposição, sem grande consistência, porque os americanos sabem de tudo pelos serviços de inteligência, embora nem desconfiassem de que iriam implodir as torres e o pentágono, atos de violência que lamento. Disse ter sido Stalinista e recordou sua passagem pela escola judaica em 1930, onde um “cara de barba” ficava falando em hebraico sem ninguém entender! Faz um retrospecto do partido comunista no Brasil e uma avaliação do movimento comunista internacional; vale a pena ler, pois, Malina sempre foi coerente; morreu em 31 de agosto de 2002, algum tempo depois da noite de autógrafos; a escolha do Palácio do Catete teria um simbolismo especial?