As Palmeiras da Água Limpa

AS PALMEIRAS DA ÁGUA LIMPA

“Minha terra tem palmeiras”....tinha... não tem mais. E como eram belas, altivas, majestosas, imponentes, enfileiradas bem no meio da Av. São João Batista (Água Limpa de antigamente) separando as duas pistas, fazendo mão e contramão, já naquele tempo, quando eu era ainda uma menina e gostava de passar por ali andando na minha bicicleta, fazendo zig-zag por entre seus vigorosos troncos. Ainda me lembro delas até lá pelos anos da década de 60. Não sei ao certo porque elas desapareceram; disseram que estavam muito velhas, com os troncos já apodrecendo e levando perigo para as casas, os carros e os pedestres. Foi uma pena, poderiam ter plantado outras mudas nos lugares, pois a avenida teria assim mais beleza, teria um aspecto mais pitoresco, não seria como é hoje, uma rua árida, ( que me perdoem seus moradores) sem atrativo nenhum. Quem se lembra delas há de, por certo, concordar comigo e talvez possa sentir a mesma nostalgia que eu, quando me encontro cismativa, relembrando minha terra natal e o tempo em que nela vivi.

A fileira de palmeiras se estendia desde o início da avenida, logo depois da ponte até o final onde é hoje o Grupo Escolar. As pessoas que chegavam à nossa cidade diziam que a paisagem se modificava quando vislumbravam aquelas palmeiras, cansados de verem tantos canaviais beirando a estrada, sentiam-se aliviados e prazerosos ao depararem com a imponência daquelas árvores; aquela paisagem proporcionada pela visão daquelas palmeiras era um bálsamo para seus olhares cansados.

Em todo o seu percurso havia um canteiro bem mais largo que as protegia, fazendo com que os velozes carros as respeitassem, evitando um possível choque com seus largos troncos, mas nós, os ciclistas, aproveitávamos este espaço tranqüilo para ali pedalarmos sem correr o risco de sermos atropelados. Como era bom atravessar aquela avenida que nos conduzia ao Hospital, à Barra dos Coutos, à Usina de Açúcar dos franceses! Eu fazia este percurso quase todos os dias porque minha avó e meus tios moravam nas casas da Usina, visto que todos trabalhavam lá, e eu , minha irmã e meu irmão, e também meus primos, sempre que podíamos, lá estávamos para passar o dia ou o fim de semana.

De vez em quando, ao passarmos sob as palmeiras, assustávamos com alguma de suas enormes folhas e com enormes mandruvás despencando sobre nós, mas logo o susto passava e recomeçávamos o trajeto. Outras vezes eram uns frutinhos que insistiam em cair de um cacho que se soltava lá de cima de suas copas. O chão ficava coalhado deles e os pneus da bicicleta iam amassando-os por todo o percurso. Era um trajeto pitoresco “pra lá de gostoso” de se fazer... e a meninada se comprazia com essas brincadeiras.

Hoje, quando volto a Rio Branco, minha terra natal, sinto falta daquela paisagem; lembro-me de imediato das nossas palmeiras da Água Limpa, que embelezavam aquela avenida e que me deixaram tanta saudade...

Renée Ribeiro de Almeida

Renée Ribeiro de Almeida
Enviado por Renée Ribeiro de Almeida em 06/08/2006
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