Eliana e o Guarda.

Eliana e o Guarda.

Sábado ensolarado e lá ia Eliana, animada por não precisar dar aulas de cursinho nesse fim de semana, para uma praia do litoral pernambucano quando, no meio do seu caminho encontra uma blitz. O policial não pensou duas vezes em mandar pará-la, afinal era começo do dia e tinham acabado de iniciar o trabalho. Nada melhor que mostrar ao superior que ele é dedicado ao ofício das algemas de forma exemplar. Eliana, temente a justiça e boa moça que é, parou o carro e esperou a abordagem do policial:

- Bom dia, Senhora! Documentos do carro e habilitação, por favor?

- Pois não, policial – retrucou e, após 2 minutos procurando na bolsa, entregou – Aqui estão. Desculpa se o documento estiver manchado de batom, é que vi agora que tava aberto e o senhor sabe como é bolsa de mulher, não é?

O policial, de bem com a vida e sem querer prejudicar por algo que ele levou como relevante, disse que não precisava se preocupar, mas que tratasse logo de melhorar o aspecto para que outro policial não a multasse pois era errado andar com o documento parecendo um papel de embrulhar buballoo. Devolveu os documentos e, em seguida, pediu para verificar o extintor do veículo. Sendo assim, ela entregou e veio a ressalva do homem de farda:

- Senhora, acredito que temos um problema aqui. Seu extintor está fora da validade. Desse jeito não posso permitir que a senhora prossiga viajem, tenho que reter o veículo e a senhora terá que correr para providenciar logo essa alteração.

- Mas, Seu Guarda, o “bicho” num ta mostrando aí que ta cheinho?

- Ok, Senhora, mas o fato é que ele não está na validade.

- E essa porqueira agora é produto perecível, é? Que nem feijão e arroz?

- Não, Senhora, o problema é que estamos preservando por sua integridade física, e um equipamento fora das especificações pode vir a falhar.

- Mas meu senhor, se você está preocupado com minha integridade física, eu estou mais ainda. Meu marido está me esperando lá na praia. Ele é super ciumento e não vai acreditar que eu fui parada por uma blitz e fiquei jogando conversa fiada sobre um extintor de incêndio igualzinho a um feijão. Me deixe ir embora, por favor?

- Senhora, infelizmente não posso permitir isso, estaria sendo conivente com um ato de infração da lei de trânsito.

- Mas seu moço, eu entendo o seu trabalho, no entanto você tem que entender que eu to precisando ir embora. Me deixe ir embora, vá? Num custa nada. Nem cara de “ladrona” eu tenho..

- Minha senhora...

E ficaram nessa ladainha de vai e vêm durante uns 5 minutos mais, até que, sem paciência mais para aquela mulher, ele resolveu dar outro golpe para ver se terminava de vez aquela história:

- Olhe, faça o seguinte: tá vendo aquele posto ali? Vá até ele e compre um extintor novo para trocar por esse que eu te libero e seguimos os dois com nossas vidas, ok?

Enquanto o guarda falava isso, Eliana pegou a bolsa e começou a vasculhar atrás da carteira. Quando finalmente achou, olhou para o guarda e perguntou:

- Seu guarda, quanto custa mesmo esse danado desse extintor?

- No máximo uns R$ 15,00 reais, minha senhora.

- Ah tá! – E olhando bem nos olhos do guarda – O senhor tem 10 aí pra me emprestar? Só to com 5 aqui.

O guarda, sem conseguir acreditar naquela situação, permaneceu calado por alguns segundos e depois disse, bem pausadamente:

- Olhe, minha senhora, já vi gente tentar subornar o guarda para sair de uma fria. Agora pedir dinheiro, é a primeira vez. Não precisa mais comprar nada. Está liberada. Tenha um bom final de semana.

Thiago di Freitas
Enviado por Thiago di Freitas em 25/02/2010
Código do texto: T2107085