Aprenda A Lidar Com Ela

Aprenda A Lidar Com Ela

Evane A. Barros Barbuto

Aprenda a lidar com ela, a solidão, aquela que gosta de marcar presença em nossa porta. Sempre aguardando um momento, um descuido, uma inabilidade nossa e lá vem ela, furtivamente, penetrando em nossos domínios. É como se andasse naturalmente em nosso encalço, obrigando-nos a nos isolar por várias razões tanto nossas quanto por incompreensão alheia.

Já na infância, transmuta-se em babá muda e inexperiente tentando barrar o verdadeiro enlevo da meninice. É o que vemos nos tempos de hoje, as crianças em plena flor da idade, tenra fase, não podem gozar plenamente das delícias infantis, principalmente, quando as preservamos das maldades e dos perigos do mundo. Pais ausentes e a liberdade da criança torna-se cada vez mais difícil, olhada através das grades, e a solidão torna-se quase uma imposição na vida infantil.

Na juventude, mesmo rodeados de amigos ela tenta nos ameaçar com seu sorriso zombeteiro de quem nunca quer perder seu posto de mórbida vigilância. Divertindo-se com suas vítimas ela as confunde, perigosamente, nas brincadeiras da mocidade, espreitando tudo com o olho atento da maldade. E o jovem foge de todas s as maneiras para driblar o tédio, a preguiça, as insatisfações e as insegurança de que são acometidos na mocidade. E todos os perigos se fazem presentes.

A verdade é que fugimos da rotina, do “não sei o que fazer”, ou “não sei o que vou ser”, afastando sempre na vida os perigos da solidão. Podemos estar sós mesmo que rodeados de pessoas. Quem não conhece esse sentimento ou o nega estará mentindo. Todos os derivativos, trabalho, estudo, distrações, amigos são necessários para nos ajudar a lidar com essas situações e certamente que nos ajudam. Mas, infelizmente, parece que há a solidão dos escolhidos, que pode os acontecer quando eles menos esperam . São os seres maleáveis, que perdem para ela em astúcia – ingênuos, confiam muito, às vezes destoando ou lutando pelo que acham melhor e mais correto na vida, persistindo numa verdade que não é a mesma que a dos outros,etc. Para eles, ela surge e não há como evitar, pois ela pega firme agindo cruelmente e de surpresa. Com o invisível braço em riste dá o seu aparte inevitável, inexplicável, impedindo que a paz e os relacionamentos se concretizem e tudo se perde num piscar de olhos. Entendimento e tranquilidade se perdem num desfecho triste e desastroso, desfazendo , de maneira estúpida e inesperada, alegrias, atividades, amizades e amor. Seja em que situação for, a solidão tem seu compromisso com a falta de sinceridade, com os desafetos, a inveja, a incompreensão, as discriminações e as crueldades que campeiam à nossa volta.

Será a solidão misterioso fruto da perseguição e da maldade? Cuidemos sempre em lidar bem com ela. E os perseguidos? Existem? Se existem, entendem e intuem tudo. Percebem sempre as crueldades de que ela é capaz de lhes infringir. E temem.

Enfim! Vá entender nessa vida a força que emana de seus mistérios e que comanda, tantas vezes, as falsidades e as maldades humanas que sabemos existirem! Vá entender!

Quem é que merece? Ora, ninguém !

Evane
Enviado por Evane em 26/02/2010
Código do texto: T2108671
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