"PRISIONEIRAS DA VASSOURA" Crônica de: Flávio Cavalcante

PRISIONEIRAS DA VASSOURA

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Estupefata e psicopata é a reação de uma pessoa que carrega este tipo de problema. A mania de limpeza toma conta da cabeça de forma vil e enferma. A principal vítima é sempre a mulher, que não consegue se livrar de suas ansiedades e começa uma batalha interminável de limpeza, que só existe um ponto inicial e nunca um ponto final. Enxerga sujeira em tudo que vir pela frente. um espanador á punho e uma sessão de gritos nervosos em cima do anfitrião para entrar com os pés no chão para não trazer um grão de pó sequer para dentro de casa.

Uma guerra constante de um marido que chega em casa do trabalho querendo ter um ambiente de conforto para relaxar, o que deveria ser o normal, mas basta voltar para casa para as prisioneiras da vassoura, banhadas pelo estresse descarregar toda a fúria em cima do homem que já vem estressado da batalha do dia a dia e o ambiente deveria ser de paz e muito carinho para com aquele que chega precisando descansar, acaba sendo uma sessão de tormentos, brigas e muitas vezes separação.

A mania da limpeza é uma doença que precisa ser tratada por especialistas da psicologia.

Em pesquisas, descobri várias formas que essa doença atua dentro de sua própria residência, onde famílias vivem acuadas e prisioneiras. Entrevistei um casal que a empregada era a prisioneira da vassoura e quando ela terminava de limpar o quarto do casal todos tinham que dormir na sala, pois se alguém ousasse a ultrapassar a linha determinada por ela, o mundo vinha á baixo. O casal deixava a serviçal agir com estas atitudes, porque se tratava de uma senhora e já se tratava de uma pessoa antiga dentro de casa. Já era considerada como parte da família. Cada cômodo era um ambiente de estar por dia. Hoje em dia, eles dormem em colchonetes para não desarrumar aquele ambiente que deu um trabalho constante e sem um ponto final.

Descobri também casais em separação litigiosa por causa da maldita vassoura. Marido que não suportando viver prisioneiro dentro de sua própria casa, resolveu abandonar tudo e pedir divórcio de sua cônjuge, ganhando pra sua vida uma batalha interminável de um processo que parece não ter fim, devido a morosidade de nossa justiça.

Outras pessoas vivem felizes, pois todos têm a mesma mania da limpeza e qualquer regra, posta dentro de casa, já torna uma coisa muito natural. Mas não deixa de ser uma tarefa anormal e precisa ser reparada com olhos clínicos, pois a vida não se resume á uma vassoura e um balde com água e desinfetante.

A psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari relata num artigo, que o problema está na pessoa, pois, por essas pessoas com este tipo de enfermidade busca sempre uma perfeição que jamais se chega a ela e tendo como um resultado, uma mulher super nervosa para manter a casa arrumada.

É saudável querer manter a casa limpa, sim, até porque faz parte da higiene de nosso ambiente, mas quando a limpeza se torna a prioridade do dia a dia, aí, isso passa a ser um problema e precisa ser tratado como doença mesmo.

Pessoas que carregam este tipo de mania de limpeza não se dão conta nunca do problema, e tudo que se faz é de atividade inconsciente. Segundo alguns psicólogos vêem essa mania como uma forma de desviar os problemas do seu dia a dia, apontando a limpeza como sua única tarefa para manter suas mentes em ocupação.

A modernidade está aí, exatamente para facilitar o cotidiano das pessoas. A medicina moderna está pronta para a ajuda de pessoas que carregam estes distúrbios. Basta ter consciência de que estas ações não tratam de uma naturalidade e precisam de um reparo da medicina para que a vida não se torne um problema interminável para si.

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 27/02/2010
Código do texto: T2110165
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.