Brasília.

Nunca entendi muito bem esse lugar: Brasília.

Sempre me soou utópico construções tão modernas em meio a árvores retorcidas, algo tão cerrado, hermético. Dever ser por isso, ou apenas por isso, que não a entendo. Devo?

Procuro entender Brasília como quem entende o improvável, o introspectivo, o desabsoluto. Não há possibilidade de vida em ruas tão largas, pessoas tão unicamente decorativas da paisagem, carros meramente transporte. Gente perdida no meio de si.

Tempos atrás, ou há nem tanto tempo assim, andava pelas entrequadras observando o homem (metonímico) de Brasília. Não vi nenhum.

Não existe esse ser de Brasília. Aliás, não existe esse ser especifico de lugar nenhum. Muito menos desse lugar cíclico e metálico, concreto e desabsoluto. Essa capital. Esse mar.

Troquemos a procura do homem de algum lugar pelo ser de algum lugar. Não encontro. Deve ser isto que falta à este amontoado de sonhos. Deve ser isto que nos falta.

Esse ser pode ser Brasília. Ou eu.