MEU NARIZ

Meu nariz é uma daquelas coisas que a gente tem e não sabe bem para que serve. Ora, dirá, desconhecer a serventia de um nariz? Um doutor saindo com umas asneiras dessas! Nariz serve para cheirar, sua primeira função. Depois para enfeitar ou não a face. Serve para apoiar os óculos, muito importante depois dos quarenta ou cinquenta anos de idade. Serve também para fazer cafuné – para alguns –; para ser o primeiro a nos indicar que vamos gripar ou para alguém mal-educado e emporcalhado enfiar o dedo e fazer aquilo. E tem mais: essa praga não para de crescer. Sabia não? Vou deitar e rolar em mais uma exibição de cultura inútil: verdade! O nariz e as orelhas nunca deixam de crescer em toda nossa existência.

Ah! Eu já ia esquecendo: há uma crença de que eles também têm o descaramento de informar a quem os olha, nos homens, claro, o tamanho do... Documento, manja? Pois é! Não acredito muito nessa história, apesar de estatísticas de um só caso deixar de ser a regra e pode ser a exceção. Comigo você não terá nenhuma dica! Se a gente for à frente com a pesquisa, veremos que japonês não tem narizinho merreca de nada; são do tamanho normal e, dizem, aquilo mais parece um piercing adaptado ali.

Ao contrário a raça negra, afamada por ter verdadeiros pés de mesa , tem o nariz não tão grande assim, mas um pouco achatado. Será que a mesa ai referida é daquelas que alguns povos usam para comer sentado no chão e com aqueles pés dessa largura? Acho que matei a charada e se não, vai continuar assim porque não tenho a mínima vocação para fazer algum teste à vera. Passo a ideia sem nenhum custo. Não quero nem falar em royalty. Vá em frente e sucessos!

Mas eu estava falando do meu nariz. Já estou fugindo do título, coisa, aliás, bastante comum com aqueles que não sabem escrever. Boto aí e quem lê é que se vire.

O meu é grande. Me refiro ao nariz. Continuo teimando em deixar a dúvida. Sou malvado pacas! Também italiano com nariz grande não é nenhuma novidade, não é nenhuma raridade e se o danado continua crescendo neste quase setenta anos...

Percebi uma coisa agora. Aquela crença ou verdade de que o nariz serve também para saber-se o tamanho “do coisa” deve ser utilizada somente nos jovens. Preste atenção: enquanto nos velhos o nariz continua crescendo o outro vai encolhendo. Esqueça a hipótese aí de cima e se quiser continuar acreditando ou pesquisando, não passe dos trinta, quarenta anos. Depois, véio, pule fora!

Quando era rapaz levei um cacete de um goleiro e o fraturei (o nariz). Tinha de ser nele! Aí ficou meio “esgueiado” (vocábulo exclusivo da Fatinha). Explico: ficou torto porque eu não quis operar. Cagaço. Com isso, apesar do seu tamanho, não servia para quase nada, seja, respirar por ele era quase impossível. Cheirar? Também muito pouco porque tinha uma rinite crônica – pra isto ele servia com competência invejada – e eu não cheirava patavinas. Resumindo: meu nariz somente me servia para deixar curiosas as crentes daquele papo furado aí de cima e para fungar.

Pra mim ele possuía mais uma virtude: provocar os olhares assustados das pessoas e elas encontrarem ali perto um par de olhos, modéstia à parte, fora de série. Por isto quando eu ouvia uma manifestação de admiração de alguém (raríssima. Na realidade não me atrevo afirmar se já houve alguma) invariavelmente deveria ser em relação aos olhos Entendo hoje, já bem maduro e vivido que o encarnado de Narciso deve ter ficado fulo da vida de nunca ter recebido qualquer alusão ou elogio. Ignorado! Entendeu que se não falavam nada era porque ele era um caso perdido. Deve ter ficado na bronca comigo e eu que não tive culpa nenhuma nisto, pois se dependesse de mim ele seria uma beleza. Operar? Nem que chova canivetes. Além do mais de que me adiantaria dar um jeito no nariz sem poder consertar o resto? Não faria diferença.

Dias desses ele me aprontou mais uma. Senti uma coceirinha besta e taquei a unha. Saiu uma pelinha e sangrou um pouco. Já fiquei meio pau da vida, porque não precisava dum exagero daqueles. Você já teve coceirinhas, coçou e não complicou nada. Aposto! Pois com ele não é assim. Xiita! Inflamou. Coloquei remédios. Amansou, mas continuou ali uma feridinha mais parecida com um pequeno cone de vulcão. Não sou besta e estudei medicina. Desconfiei. Esperei mais uma semana. Nada! Na dele!

Já sei. Isto é uma lesão que pode azucrinar-me mais tarde. Esperei passar o Natal, Ano Bom; enfiei a cara em tudo que tinha direito e mais que houvesse e somente esta semana liguei para a minha amiga Dra. Solange – um ser para causar inveja. Nunca tem vaga próxima, mas nunca deixou de me atender. Deu um jeito, mas adiantei que achava ser um basocelular. Disse-me logo que se fosse pequeno ela o tiraria de imediato.

Fui lá. Cheguei; cumprimentos e eu disse que ela estava botando muita fé no meu diagnóstico dermatológico, porque me garantiu eliminar o intruso no mesmo momento. Ficou preocupada se ela me assustou. Não, absolutamente, nada disso. Examinou e disse-me mansa e tranquilamente:

- É mesmo um basim!

E o eliminou rapidamente. Agora eu pergunto: tinha que ser no nariz? Esse mau-caráter continua sendo o meu calcanhar de Aquiles. Mas esse jumento devia entender e botar na cabeça que não tenho culpa nenhuma dele ser assim tão feio, desajeitado, pre-histórico Não fui eu quem o escolheu. Papai e mamãe também não; fizeram a parte deles e o resto foi por conta do acaso. Será que este jegue não entende que fazendo isto ele se trumbica cada vez mais? Deve ser trauma.

Ah! Dê um tempo! Já não está mais na idade de fricotes! Se continuar com essas frescuras eu vou doá-lo para enxertar no da esfinge de Gizé, tá? Palhaço!

Dbadini
Enviado por Dbadini em 03/03/2010
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